CHOQUE DE CIVILIZAÇÕES?
1ª Etapa
Quando era criança, comecei muito cedo a ouvir falar dos Mouros. Nas minhas primeiras memórias, os Mouros eram pessoas inteligentes, fantásticas, finas, elegantes e bonitas. Maus eram os Judeus e os Romanos que tinham crucificado Jesus.
A propósito da Serra de Valongo, “Cuca-Macuca” para os Mouros, contava-se que eles, quando foram expulsos, cantavam, chorando:
“ Ó serra da Cuca-Macuca
Tanta pena nos deixais.
Atirais com ouro às cabras
E não sabeis com qu’atirais.”
E minha mãe explicava-me que os “fojos” (poços muito profundos que rasgam a serra e sobre os quais se contavam histórias mirabolantes) da serra de Santa Justa foram feitos pelos Mouros que de lá tiraram muito ouro, mas os pastores que viviam na serra não sabiam que, ao atirarem pedras às cabras, estavam a atirar pedaços de ouro. E eu pensava : os Mouros é que eram inteligentes. E admirava-os porque conseguiram fazer poços tão fundos só para irem buscar ouro. Parvos eram os pastores.
A primeira vez que fui ao S. João de Sobrado, para ver a luta entre os Mourisqueiros (Mouros) e os Bugios (Cristãos), fiquei impressionado. Os Mourisqueiros vestiam casacos ricos e brilhantes, engalanavam-se com chapéus coloridos e com vidrilhos, o chefe montava um lindo cavalo e todos tinham um comportamento de grande dignidade que impunha respeito. Os Bugios, pelo contrário, vestiam pobremente, metiam-se com as pessoas e faziam patuscadas, por vezes, atrevidas e malcriadas, de que eu não gostava. Sei que no fim da luta, eram os bugios que ganhavam mas era porque Nosso Senhor protegia os cristãos.
Quando me contavam histórias de Mouras, estas eram sempre princesas muito bonitas e ricas que se apaixonavam por cavaleiros cristãos.
2ª Etapa
Mais tarde, na escola, comecei a estudar a história de Portugal, fiquei a saber que os Mouros eram maus. Bom era D. Afonso Henriques que os derrotou e a quem Nosso Senhor apareceu em Ourique. Ele, sim, era um santo… Os Mouros eram infiéis e inimigos dos portugueses. Esta impressão negativa substituiu a anterior e perdurou durante algum tempo.
3ª Etapa
Quando, mais tarde, soube que foram os filósofos árabes que deram a conhecer Aristóteles ao Ocidente, que o grande S. Tomás de Aquino fora acusado de averroísta (Averróis e Avicena foram grandes filósofos árabes)… que os melhores médicos dos nossos reis eram judeus e mouros… que a primeira fábrica de papel da Europa foi criada pelos Árabes na Península Ibérica… que foram os Mouros que trouxeram para a nossa terra a nora ( que na minha aldeia se chamava “engenho” e à volta do qual passara muitas horas a tocar os bois ) e o açude ( que se chamava “levada” onde muitas vezes tomei banho)…que trouxeram as laranjeiras, as figueiras…Quando, ainda mais tarde, me extasiei perante a beleza do Alhambra…comparei a luz, a elegância das colunas e dos arcos da Mesquita de Córdoba com o aspecto pesado, sombrio e atarracado das nossas igrejas românicas…quando soube como os Mouros tratavam os “Moçárabes” (cristãos que viviam nas terras conquistadas pelos Mouros), como respeitavam o exercício da sua religião…
… recordei as minhas primeiras impressões de infância e admirei a cultura desses povos que, nessa época, viviam num florescimento civilizacional muito superior aos povos cristãos europeus. Era uma cultura urbana e comercial enquanto os cristãos viviam numa cultura profundamente rural e agro-pecuária de subsistência. Era de facto uma cultura superior e tolerante. Atrasados éramos nós com inquisições e cruzadas…
4ª Etapa
E actualmente? Que se passou? Como se explica que as duas culturas tivessem feito evoluções tão contraditórias?
Sei que o Ocidente muito deve a uma plêiade de pensadores e homens de ciência do início da Idade Moderna, de que destaco Galileu no domínio da Ciência (revolução técnico-científica) e Descartes (revolução antropológica- o homem como sujeito de direitos). E a cultura ocidental transformou-se na grande defensora dos direitos humanos, da democracia e em grande factor de progresso, embora, por vezes, com excessos que romperam com o equilíbrio ecológico e, não posso esquecer, fabricou e usou a bomba atómica. E a Igreja foi capaz de produzir um “Concílio Vaticano II”. Quão longe estamos do espírito de cruzada que marcou a Idade Média, embora apareçam alguma expressões cristãs retrógradas e fundamentalistas, especialmente nos E.U.A, de que é exemplo o próprio presidente Bush.
E o Mundo Islâmico?
* Salmon Rutscid (?) é condenado à morte por ter publicado “Os Versículos Satânicos” com uma concepção tida como herética pelos líderes muçulmanos.
* Bento XVI é ameaçado de morte, surgem ameaças de bombardeamento do Vaticano, uma freira é assassinada, porque o Papa, numa lição dada na sua Universidade de Ratisbona que versava as relações entre a Fé e a Razão, citou um Imperador bizantino do séc. XIV, com uma frase que os extremistas islâmicos aproveitaram para acicatar os crentes contra o Ocidente (mesmo assim, penso ter-se tratado de uma citação inoportuna porque, retirada do contexto, pode parecer que o alinha com as teses belicistas de Bush e desnecessária porque não fazia falta à clara exposição da sua tese)
* Foi o caso das caricaturas de Maomé na Dinamarca e toda a questão da liberdade de imprensa que os radicais islâmicos não compreenderam nem aceitaram.
* A Deutsche Oper de Berlim eliminou do seu reportório (temporariamente?) a ópera Idomeneo de Mozart porque não quis que os seus funcionários e o próprio edifício fossem objecto de um ataque terrorista islâmico só porque, no final da peça, apareciam várias cabeças decepadas entre as quais a de Maomé e a de Cristo ( por que não temeram um ataque dos cristãos?)
* Duas aldeias do sul de Espanha suspenderam as suas festas tradicionais porque os muçulmanos e o próprio Maomé não eram muito bem tratados e temeram represálias terroristas.
* A questão do véu, que já tantos problemas levantou na França, republicana e laica, surgiu novamente, agora na Inglaterra, monárquica e anglicana, onde o antigo ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Jack Straw afirmou que prefere ver a cara das mulheres que falam com ele. Esta simples palavras suscitaram reacções nos responsáveis muçulmanos que as consideraram como “ofensivas e perturbadoras”. E, no entanto, o Corão diz apenas que as mulheres não devem exibir a sua beleza na presença de homens que não sejam o marido ou familiares. Por isso, as exigências divergem: há quem afirme que o hijad (o véu que cobre cabelos e pescoço) não é suficiente e recomende o niqab que tapa toda a cabeça e rosto deixando apenas espaço para os olhos; enquanto há outros, como os talibans que impunham a burqa (manto que tapa toda a mulher, com uma rede na frente dos olhos) Há mulheres que usam, ainda, luvas de modo a não exibir qualquer pedaço de pele.
* Será que nós vamos voltar a ter um Lusíadas com censuras em que os pontinhos (………..) substituem as passagens que se referem a Maomé e aos Mouros de modo depreciativo ( “torpe ismaelita”, “bárbaro gentio”) , à maneira do que se fazia nos meus tempos de estudante a propósito de certas passagens mais eróticas como o Canto IX?
* Será que no S. João de Sobrado o final do combate terá de ser alterado?
Choque de civilizações?
Homi Bahabha, indiano, educado em Oxford, investigador em Harvard, afirma que não há choque de civilizações mas sim antagonismos políticos. Os antagonismos têm mais a ver com a forma como evoluíram as relações (políticas, históricas, sociais e morais) entre as culturas do que com a natureza da cultura em si. E eu estou de acordo.
Os gregos diziam que a boa harmonia de uma sociedade política assenta no equilíbrio de um tripé: o “pathos” (a emoção/paixão), o “logos” (a razão) e o “ethos” (a ética/virtude). Interrogo-me: não será que os conflitos entre o Islamismo e o Ocidente não resultará duma hipertrofia/hipotrofia de um dos pés? Não será que a civilização ocidental exagera o “logos” sem “pathos” em que a razão económica é quase exlusiva, com razão a mais e emoção a menos? Os líderes islâmicos radicais não estarão a aproveitar-se de um “pathos” sem “logos” para levar muitos crentes ao martírio suicida dos “homens-bomba, emoção a mais e razão a menos?
Por tudo isto gostei da atitude de Bento XVI que explicou aos diplomatas dos países muçulmanos o seu pensamento que, na linha do explícito no Vaticano II, respeitava profundamente o islamismo que, como nós, adora o Deus Único Abraâmico e apelava ao diálogo inter-religioso. Mas…Ainda não entendi a postura do Papa. Por que fez aquela citação? Quando foi mais autêntico consigo próprio em Ratisbona ou no encontro com os embaixadores? Por que não pediu desculpa? Aos muçulmanos? - À freira que terá sido assassinada por sua causa. Poderá dizer-se que ele não teve culpa na sua morte. Para mim teve. Trata-se da situação que em Ética se chama um acto voluntário “in causa”.
O caminho é a diálogo inter-cultural com especial relevância para o diálogo inter-religioso: autêntico, sem etnocentrismos mas também sem relativismos.
Quando era criança, comecei muito cedo a ouvir falar dos Mouros. Nas minhas primeiras memórias, os Mouros eram pessoas inteligentes, fantásticas, finas, elegantes e bonitas. Maus eram os Judeus e os Romanos que tinham crucificado Jesus.
A propósito da Serra de Valongo, “Cuca-Macuca” para os Mouros, contava-se que eles, quando foram expulsos, cantavam, chorando:
“ Ó serra da Cuca-Macuca
Tanta pena nos deixais.
Atirais com ouro às cabras
E não sabeis com qu’atirais.”
E minha mãe explicava-me que os “fojos” (poços muito profundos que rasgam a serra e sobre os quais se contavam histórias mirabolantes) da serra de Santa Justa foram feitos pelos Mouros que de lá tiraram muito ouro, mas os pastores que viviam na serra não sabiam que, ao atirarem pedras às cabras, estavam a atirar pedaços de ouro. E eu pensava : os Mouros é que eram inteligentes. E admirava-os porque conseguiram fazer poços tão fundos só para irem buscar ouro. Parvos eram os pastores.
A primeira vez que fui ao S. João de Sobrado, para ver a luta entre os Mourisqueiros (Mouros) e os Bugios (Cristãos), fiquei impressionado. Os Mourisqueiros vestiam casacos ricos e brilhantes, engalanavam-se com chapéus coloridos e com vidrilhos, o chefe montava um lindo cavalo e todos tinham um comportamento de grande dignidade que impunha respeito. Os Bugios, pelo contrário, vestiam pobremente, metiam-se com as pessoas e faziam patuscadas, por vezes, atrevidas e malcriadas, de que eu não gostava. Sei que no fim da luta, eram os bugios que ganhavam mas era porque Nosso Senhor protegia os cristãos.
Quando me contavam histórias de Mouras, estas eram sempre princesas muito bonitas e ricas que se apaixonavam por cavaleiros cristãos.
2ª Etapa
Mais tarde, na escola, comecei a estudar a história de Portugal, fiquei a saber que os Mouros eram maus. Bom era D. Afonso Henriques que os derrotou e a quem Nosso Senhor apareceu em Ourique. Ele, sim, era um santo… Os Mouros eram infiéis e inimigos dos portugueses. Esta impressão negativa substituiu a anterior e perdurou durante algum tempo.
3ª Etapa
Quando, mais tarde, soube que foram os filósofos árabes que deram a conhecer Aristóteles ao Ocidente, que o grande S. Tomás de Aquino fora acusado de averroísta (Averróis e Avicena foram grandes filósofos árabes)… que os melhores médicos dos nossos reis eram judeus e mouros… que a primeira fábrica de papel da Europa foi criada pelos Árabes na Península Ibérica… que foram os Mouros que trouxeram para a nossa terra a nora ( que na minha aldeia se chamava “engenho” e à volta do qual passara muitas horas a tocar os bois ) e o açude ( que se chamava “levada” onde muitas vezes tomei banho)…que trouxeram as laranjeiras, as figueiras…Quando, ainda mais tarde, me extasiei perante a beleza do Alhambra…comparei a luz, a elegância das colunas e dos arcos da Mesquita de Córdoba com o aspecto pesado, sombrio e atarracado das nossas igrejas românicas…quando soube como os Mouros tratavam os “Moçárabes” (cristãos que viviam nas terras conquistadas pelos Mouros), como respeitavam o exercício da sua religião…
… recordei as minhas primeiras impressões de infância e admirei a cultura desses povos que, nessa época, viviam num florescimento civilizacional muito superior aos povos cristãos europeus. Era uma cultura urbana e comercial enquanto os cristãos viviam numa cultura profundamente rural e agro-pecuária de subsistência. Era de facto uma cultura superior e tolerante. Atrasados éramos nós com inquisições e cruzadas…
4ª Etapa
E actualmente? Que se passou? Como se explica que as duas culturas tivessem feito evoluções tão contraditórias?
Sei que o Ocidente muito deve a uma plêiade de pensadores e homens de ciência do início da Idade Moderna, de que destaco Galileu no domínio da Ciência (revolução técnico-científica) e Descartes (revolução antropológica- o homem como sujeito de direitos). E a cultura ocidental transformou-se na grande defensora dos direitos humanos, da democracia e em grande factor de progresso, embora, por vezes, com excessos que romperam com o equilíbrio ecológico e, não posso esquecer, fabricou e usou a bomba atómica. E a Igreja foi capaz de produzir um “Concílio Vaticano II”. Quão longe estamos do espírito de cruzada que marcou a Idade Média, embora apareçam alguma expressões cristãs retrógradas e fundamentalistas, especialmente nos E.U.A, de que é exemplo o próprio presidente Bush.
E o Mundo Islâmico?
* Salmon Rutscid (?) é condenado à morte por ter publicado “Os Versículos Satânicos” com uma concepção tida como herética pelos líderes muçulmanos.
* Bento XVI é ameaçado de morte, surgem ameaças de bombardeamento do Vaticano, uma freira é assassinada, porque o Papa, numa lição dada na sua Universidade de Ratisbona que versava as relações entre a Fé e a Razão, citou um Imperador bizantino do séc. XIV, com uma frase que os extremistas islâmicos aproveitaram para acicatar os crentes contra o Ocidente (mesmo assim, penso ter-se tratado de uma citação inoportuna porque, retirada do contexto, pode parecer que o alinha com as teses belicistas de Bush e desnecessária porque não fazia falta à clara exposição da sua tese)
* Foi o caso das caricaturas de Maomé na Dinamarca e toda a questão da liberdade de imprensa que os radicais islâmicos não compreenderam nem aceitaram.
* A Deutsche Oper de Berlim eliminou do seu reportório (temporariamente?) a ópera Idomeneo de Mozart porque não quis que os seus funcionários e o próprio edifício fossem objecto de um ataque terrorista islâmico só porque, no final da peça, apareciam várias cabeças decepadas entre as quais a de Maomé e a de Cristo ( por que não temeram um ataque dos cristãos?)
* Duas aldeias do sul de Espanha suspenderam as suas festas tradicionais porque os muçulmanos e o próprio Maomé não eram muito bem tratados e temeram represálias terroristas.
* A questão do véu, que já tantos problemas levantou na França, republicana e laica, surgiu novamente, agora na Inglaterra, monárquica e anglicana, onde o antigo ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Jack Straw afirmou que prefere ver a cara das mulheres que falam com ele. Esta simples palavras suscitaram reacções nos responsáveis muçulmanos que as consideraram como “ofensivas e perturbadoras”. E, no entanto, o Corão diz apenas que as mulheres não devem exibir a sua beleza na presença de homens que não sejam o marido ou familiares. Por isso, as exigências divergem: há quem afirme que o hijad (o véu que cobre cabelos e pescoço) não é suficiente e recomende o niqab que tapa toda a cabeça e rosto deixando apenas espaço para os olhos; enquanto há outros, como os talibans que impunham a burqa (manto que tapa toda a mulher, com uma rede na frente dos olhos) Há mulheres que usam, ainda, luvas de modo a não exibir qualquer pedaço de pele.
* Será que nós vamos voltar a ter um Lusíadas com censuras em que os pontinhos (………..) substituem as passagens que se referem a Maomé e aos Mouros de modo depreciativo ( “torpe ismaelita”, “bárbaro gentio”) , à maneira do que se fazia nos meus tempos de estudante a propósito de certas passagens mais eróticas como o Canto IX?
* Será que no S. João de Sobrado o final do combate terá de ser alterado?
Choque de civilizações?
Homi Bahabha, indiano, educado em Oxford, investigador em Harvard, afirma que não há choque de civilizações mas sim antagonismos políticos. Os antagonismos têm mais a ver com a forma como evoluíram as relações (políticas, históricas, sociais e morais) entre as culturas do que com a natureza da cultura em si. E eu estou de acordo.
Os gregos diziam que a boa harmonia de uma sociedade política assenta no equilíbrio de um tripé: o “pathos” (a emoção/paixão), o “logos” (a razão) e o “ethos” (a ética/virtude). Interrogo-me: não será que os conflitos entre o Islamismo e o Ocidente não resultará duma hipertrofia/hipotrofia de um dos pés? Não será que a civilização ocidental exagera o “logos” sem “pathos” em que a razão económica é quase exlusiva, com razão a mais e emoção a menos? Os líderes islâmicos radicais não estarão a aproveitar-se de um “pathos” sem “logos” para levar muitos crentes ao martírio suicida dos “homens-bomba, emoção a mais e razão a menos?
Por tudo isto gostei da atitude de Bento XVI que explicou aos diplomatas dos países muçulmanos o seu pensamento que, na linha do explícito no Vaticano II, respeitava profundamente o islamismo que, como nós, adora o Deus Único Abraâmico e apelava ao diálogo inter-religioso. Mas…Ainda não entendi a postura do Papa. Por que fez aquela citação? Quando foi mais autêntico consigo próprio em Ratisbona ou no encontro com os embaixadores? Por que não pediu desculpa? Aos muçulmanos? - À freira que terá sido assassinada por sua causa. Poderá dizer-se que ele não teve culpa na sua morte. Para mim teve. Trata-se da situação que em Ética se chama um acto voluntário “in causa”.
O caminho é a diálogo inter-cultural com especial relevância para o diálogo inter-religioso: autêntico, sem etnocentrismos mas também sem relativismos.
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