O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, julho 06, 2016

CAMINHO MEDIEVAL DE SANTIAGO NO PORTO



No “Dia dos Centros Históricos”, Manuel Araújo, da Casa do Infante, orientou um percurso pedonal pelos “Caminhos medievais para Santiago no Porto” que dividiu em 7 etapas.
A primeira teve lugar no Museu da Casa do Infante com a visualização das “Ruas e ruelas” do Porto medieval.
O caminho iniciou-se na Praça da Ribeira, “O Centro Comercial da Cidade”, onde chegavam e partiam barcos carregados de mercadorias”. Por esta porta da Muralha Fernandina, entravam os peregrinos que vinham do sul, A partir daí, subiam pela Rua dos Mercadores, a principal ligação da baixa à zona alta da cidade, onde se encontrava a maioria dos comerciantes do Porto.
E porque “Os peregrinos também dormem”, nela se localizava o Hospital de Santa Clara e, um pouco mais acima, o dos Palmeiros ou de S. Crispim, para acolher, alimentar e tratar os peregrinos, Se atentarmos no mapa do Porto, encontramos a “Rua Nova de S. Crispim”. Mas… e a Rua de Crispim? Existiu mas já não existe. É a atual “Travessa da Bainharia”. Porquê? Era aí que estava o hospital de S. Crispim que foi demolido, no século XIX, aquando da abertura da Rua de Mouzinho da Silveira, e a sua igreja deslocada para a Rua de Santos Pousada onde se encontra.
 Depois, os peregrinos, no desejo de “Subir para orar mais perto do céu”, continuavam pela Rua da Bainharia até á Rua de Santana onde passavam sob o “Arco de Santana” da muralha romana, que Almeida Garrett celebrizou num dos seus romances, e aí, pela Pena Ventosa, entravam no âmago do Porto Medieval. Subiam até à Sé onde, no claustro velho, havia a capela de Santiago, “local obrigatório para os que ao seu túmulo peregrinavam”.
Após a oração, desciam o Morro da Pena Ventosa, pela Cruz do Souto e porque “S. Roque também foi peregrino”, paravam no Largo de S. Roque, junto Rio da Vila, com “uma bonita capela octogonal”, demolida em meados do século XIX.
Ao subir o Morro do Olival, já na atual Rua dos Caldeireiros, encontravam “As pernoitas e as curas”, no hospital Rocamador e na Confraria de Nª Srª da Silva. O primeiro, fundado pelos Cavaleiros Franceses de Rocamadour, mais tarde, já propriedade da Santa Casa da Misericórdia, passou para “Hospital D. Lopo” que funcionou até à construção do de Santo António. A segunda, com uma capela, ainda hoje aberta ao culto, acolhia-os no “Hospital de S. João Baptista”.
Transposta a Porta do Olival já no Largo dos Ferradores, chegava  “A hora da decisão” Os peregrinos poderiam optar por um de três caminhos: “Caminho Central” por Barcelos, ”Caminho de Braga” e “Caminho da Costa” por Matosinhos.

Deixo uma sugestão. Amigo leitor, se puder, aproveite o bom tempo e mergulhe nesta ambiência espiritual de outros tempos que tonifica o corpo e purifica a alma.

( 6-7-2016)