O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, junho 22, 2016

FAZ 888 ANOS...


 

 Não, não é feriado nacional… Mas merecia. Nesta 6ª feira, faz 888 anos que brilhou a “Primeira tarde portuguesa”. Como escreveu Damião Peres, em Como Nasceu Portugal: “No dia 24 de junho de 1128, o conflito teve a sua decisiva crise. Travou-se uma luta renhida nos campos de S. Mamede, em Guimarães. Saiu vitorioso D. Afonso Henriques. Portugal passa a ser governado exclusivamente por gente portuguesa. Esta foi a primeira tarde portuguesa”. O jovem príncipe, apoiado pelos nobres portucalenses, vence o exército da mãe, D. Teresa, e de Fernão Peres de Trava. Goravam-se, assim, as pretensões do Conde galego de integrar o Condado Portucalense no Reino da Galiza. Evocar este dia é também celebrar a Portugalidade.

Quando tanto se fala de perda de soberania face à União Europeia e FMI… Quando a nossa língua, “donde se vê o mar e se ouve o seu rumor” (Vergílio Ferreira), é esmagada por estrangeirismos que lhe roubam o cheiro a maresia... Quando… Como apetece lembrar as raízes desta nação que, há tantos anos, se quis assumir como dona dos seus próprios sonhos! Lembrar a quem? Ao Mundo? Sim. Mas principalmente a nós, portugueses, para que nos façamos respeitar. E muito particularmente aos jovens para que saibam integrar os valores matriciais da sua cultura nos horizontes dum mundo sem fronteiras que, mais que multicultural, se quer intercultural. É bom assinalar datas marcantes da nossa história como 24 de junho de 1128 e outras análogas. Como nos deliciamos ao ler Fernão Lopes quando fala dos cidadãos do Porto que, na crise de 1383/85, incumbiram um tal Domingos Peres das Eiras para dizer ao Mestre de Avis: “Eu digo por mim e por todo este povo que aqui está que nós somos prestes com boa vontade de servir o Mestre com nossos corpos e haveres, ouro e prata – para nunca sermos em poder dos Castelhãos. (…) E para isto, as naus e as barcas e galés com todas as coisas que nelas fizerem mister oferecemos ao Mestre de muito boa vontade”. E que dizer dos “terceirenses” que, em 1581, derrotaram a armada de Filipe II de Espanha, na célebre “Batalha da Salga”, mantendo-se, até 1583, fiéis a D. António, Prior do Crato, que, em 1580 em Santarém, o povo acalmara Rei de Portugal?
 
 
E das gentes de Lisboa que, no dia 1 de dezembro de 1640, vieram para a rua vitoriar os “Conjurados” que acabaram com o domínio filipino? E de toda uma Pátria que, no início do século XIX, sofreu os horrores de três “invasões francesas” mas acabou por expulsar as tropas de Napoleão? E dos burgueses do Porto que não aceitaram o domínio dos “amigos” ingleses e, em 1820, impuseram o regresso do rei D. João VI que permanecia no Brasil?

Pelo Tratado de Alcanizes, em 1297, somos o Estado com as mais antigas fronteiras da Europa. Celebremos a nossa História.

(22-6-2016)