FAZ 888 ANOS...
Não, não é feriado
nacional… Mas merecia. Nesta 6ª feira, faz 888 anos que brilhou a “Primeira
tarde portuguesa”. Como escreveu Damião Peres, em Como Nasceu Portugal: “No dia 24 de junho de 1128, o conflito teve
a sua decisiva crise. Travou-se uma luta renhida nos campos de S. Mamede, em
Guimarães. Saiu vitorioso D. Afonso Henriques. Portugal passa a ser governado exclusivamente por gente portuguesa.
Esta foi a primeira tarde portuguesa”.
O jovem príncipe, apoiado pelos nobres portucalenses, vence o exército da mãe,
D. Teresa, e de Fernão Peres de Trava. Goravam-se, assim, as pretensões do
Conde galego de integrar o Condado Portucalense no Reino da Galiza. Evocar este
dia é também celebrar a Portugalidade.
Quando tanto se fala de perda de soberania face à
União Europeia e FMI… Quando a nossa língua, “donde se vê o mar e se ouve o seu
rumor” (Vergílio Ferreira), é esmagada por estrangeirismos que lhe roubam o
cheiro a maresia... Quando… Como apetece lembrar as raízes desta nação que, há
tantos anos, se quis assumir como dona dos seus próprios sonhos! Lembrar a
quem? Ao Mundo? Sim. Mas principalmente a nós, portugueses, para que nos
façamos respeitar. E muito particularmente aos jovens para que saibam integrar
os valores matriciais da sua cultura nos horizontes dum mundo sem fronteiras
que, mais que multicultural, se quer intercultural. É bom assinalar datas
marcantes da nossa história como 24 de junho de 1128 e outras análogas. Como
nos deliciamos ao ler Fernão Lopes quando fala dos cidadãos do Porto que, na
crise de 1383/85, incumbiram um tal Domingos Peres das Eiras para dizer ao
Mestre de Avis: “Eu digo por mim e por
todo este povo que aqui está que nós somos prestes com boa vontade de servir o
Mestre com nossos corpos e haveres, ouro e prata – para nunca sermos em poder
dos Castelhãos. (…) E para isto, as
naus e as barcas e galés com todas as coisas que nelas fizerem mister
oferecemos ao Mestre de muito boa vontade”. E que dizer dos “terceirenses”
que, em 1581, derrotaram a armada de Filipe II de Espanha, na célebre “Batalha
da Salga”, mantendo-se, até 1583, fiéis a D. António, Prior do Crato, que, em
1580 em Santarém, o povo acalmara Rei de Portugal?
E das gentes de Lisboa que,
no dia 1 de dezembro de 1640, vieram para a rua vitoriar os “Conjurados” que
acabaram com o domínio filipino? E de toda uma Pátria que, no início do século
XIX, sofreu os horrores de três “invasões francesas” mas acabou por expulsar as
tropas de Napoleão? E dos burgueses do Porto que não aceitaram o domínio dos
“amigos” ingleses e, em 1820, impuseram o regresso do rei D. João VI que
permanecia no Brasil?
Pelo Tratado de Alcanizes, em 1297, somos o Estado
com as mais antigas fronteiras da Europa. Celebremos a nossa História.
(22-6-2016)
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