Bloco 12 – Entrada 160 – Casa 11
“José Augusto Mourão fazia da subtileza um adorno da competência e uma espécie de amortecimento da profundidade. Homem de enormes recursos, foi padre, professor, poeta, ensaísta. Tem um lugar na história da cultura contemporânea”. (António Teixeira, JN, 12/05/11)
“Foi músico, poeta, professor, tradutor, investigador. E, além de tudo, frade dominicano. Homem despojado, olhava para a estética como central na experiência cristã contemporânea. Vivia entre dois mundos, este homem discreto, tímido: Estou entre o mundo de Deus e o mundo dos homens – que não há outro. (António Marujo, Público, 10/5/11)
Que têm estes textos a ver com o título desta crónica?
É que, numa fase determinante da vida, o jovem Mourão viveu nesta casa do bairro de S. Roque da Lameira, no Porto.
Foi na Páscoa de 1970. O Dr. Albino, de boa e saudosa memória, Reitor do Seminário Maior do Porto, entrou, muito preocupado, na Obra Diocesana de Promoção Social. E contou que o Bispo de Vila Real, por causa de uma carta que lhe escreveram a propósito da “procissão do enterro” de Sexta-Feira Santa na cidade de Vila Real, acabava de expulsar dois excelentes seminaristas, o Domingos, do último, e o Mourão, do penúltimo ano de Teologia. Só faltavam três meses para terminar o ano lectivo. Não podiam continuar a viver no seminário, mas ele podia autorizá-los a frequentar as aulas como alunos externos. A dificuldade era que, sendo de Vila Real, não tinham, no Porto, onde morar. Só precisavam de uma casa para dormir. E de uma família de confiança onde, à noite, pudessem ver um pouco de televisão. Pedia um total sigilo porque não queria conflitos com o bispo de Vila Real e, muito menos, queria causar problemas ao seu bispo, D. António Ferreira Gomes, recém-chegado do exílio.
Como a Obra, nesse momento, tinha disponível aquela casa, nela foram viver. Quando muita comunicação social se compraz em denegrir os bairros sociais, é bom saber que houve uma casa camarária no caminho do Frei Mourão. E ele nunca mais o esqueceu. Ainda no dia 24 de Setembro último, quarenta anos passados, quando veio ao Porto fazer a conferência Um entre os outros (À escuta do Outro), o Frei José Augusto Mourão e o Domingos foram visitar a família onde costumavam ver televisão.
É bem verdade que a gratidão embeleza a alma e espelha a sua nobreza.
Como são insondáveis os caminhos de Deus!...
Um dia, quando se fizer a história do catolicismo português que nos é agora contemporânea, há-de ver-se, em toda a clareza, que um dos seus actores magistrais foi, afinal, um frade e poeta, quase clandestino. Chamava-se José Augusto Mourão. (P. Tolentino Mendonça, VP, 11/05/11).
“Foi músico, poeta, professor, tradutor, investigador. E, além de tudo, frade dominicano. Homem despojado, olhava para a estética como central na experiência cristã contemporânea. Vivia entre dois mundos, este homem discreto, tímido: Estou entre o mundo de Deus e o mundo dos homens – que não há outro. (António Marujo, Público, 10/5/11)
Que têm estes textos a ver com o título desta crónica?
É que, numa fase determinante da vida, o jovem Mourão viveu nesta casa do bairro de S. Roque da Lameira, no Porto.
Foi na Páscoa de 1970. O Dr. Albino, de boa e saudosa memória, Reitor do Seminário Maior do Porto, entrou, muito preocupado, na Obra Diocesana de Promoção Social. E contou que o Bispo de Vila Real, por causa de uma carta que lhe escreveram a propósito da “procissão do enterro” de Sexta-Feira Santa na cidade de Vila Real, acabava de expulsar dois excelentes seminaristas, o Domingos, do último, e o Mourão, do penúltimo ano de Teologia. Só faltavam três meses para terminar o ano lectivo. Não podiam continuar a viver no seminário, mas ele podia autorizá-los a frequentar as aulas como alunos externos. A dificuldade era que, sendo de Vila Real, não tinham, no Porto, onde morar. Só precisavam de uma casa para dormir. E de uma família de confiança onde, à noite, pudessem ver um pouco de televisão. Pedia um total sigilo porque não queria conflitos com o bispo de Vila Real e, muito menos, queria causar problemas ao seu bispo, D. António Ferreira Gomes, recém-chegado do exílio.
Como a Obra, nesse momento, tinha disponível aquela casa, nela foram viver. Quando muita comunicação social se compraz em denegrir os bairros sociais, é bom saber que houve uma casa camarária no caminho do Frei Mourão. E ele nunca mais o esqueceu. Ainda no dia 24 de Setembro último, quarenta anos passados, quando veio ao Porto fazer a conferência Um entre os outros (À escuta do Outro), o Frei José Augusto Mourão e o Domingos foram visitar a família onde costumavam ver televisão.
É bem verdade que a gratidão embeleza a alma e espelha a sua nobreza.
Como são insondáveis os caminhos de Deus!...
Um dia, quando se fizer a história do catolicismo português que nos é agora contemporânea, há-de ver-se, em toda a clareza, que um dos seus actores magistrais foi, afinal, um frade e poeta, quase clandestino. Chamava-se José Augusto Mourão. (P. Tolentino Mendonça, VP, 11/05/11).
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