Cartão de agradecimento do (ao) Dr. Armindo
Tenho na minha frente uma carta que guardo como um tesouro.
Ainda recordo a emoção com que a recebi. O remetente vinha impresso, já o meu endereço estava escrito à mão com uma letra trémula mas perfeitamente compreensível.
Continha um cartão timbrado de “ D. Armindo Lopes Coelho - Bispo Emérito do Porto”. Mas quem o assinava era o Dr. Armindo Lopes Coelho.
Ao ler a mensagem “Grato pela visita que serviu para matar saudades”, compreendi a complementaridade. Começava por agradecer a visita que nós, da Fundação Voz Portucalense, com o Pe. Salgueirinho, lhe fizéramos no dia 24 de Março passado. Fôramos visitar o D. Armindo. E terminava “que serviu para matar saudades”. Que saudades? Não falei nada sobre o seu tempo de bispo, mas relembrei o seminário e dei particular ênfase à sua participação numa colónia de férias em “Albergaria da Serra”. E fi-lo porque um seu antigo secretário me havia confidenciado que ele gostava muito de lhes contar as diversas peripécias que aí vivera.
Em síntese:
Foi em Agosto de 1961. Colaborei com o Teixeira Coelho na realização de uma colónia de férias para 19 rapazes do Bairro da Sé. O Dr. Armindo acompanhou-nos durante todos esses dias, com excepção do primeiro em que esteve o Dr. Ângelo Alves. Naquele tempo, a aldeia chamava-se “Albergaria das Cabras” e a única via de acesso era por uma estrada florestal que vinha de Arouca e terminava junto do Radar da Força Aérea. A partir daí, descia-se por caminhos de cabras. Dormíamos em beliches que montámos num sobrado da maior casa da aldeia: ao todo éramos 27 pessoas. As refeições realizavam-se na escola primária. O Dr. Armindo sempre nos acompanhou nesta aventura própria da juventude. E era ver a sua descontracção nos passeios que dávamos pela serra. A rapaziada ficava feliz quando ele participava nos jogos de futebol. É que ele tinha muito jeito... Nunca interferiu minimamente nas nossas orientações. Os responsáveis éramos nós e nós tínhamos 22 anos…
Na nossa conversa do dia 24, ele relembrou os pormenores que acompanhavam o “fazer a barba” na água do rego que “passava atrás da escola”, precisou ele.
Compreendi, então, que quem nos recebera fora o amigo que, sendo bispo, era, antes de tudo, o nosso antigo professor.
Gratidão com gratidão se paga…
Dr. Armindo, quando no final da “Vigília de Oração” no dia 29 de Setembro, me aproximei do seu caixão pousado no chão da capela-mor da Sé Catedral, veio-me à mente a frase ”Assim, passa a glória do mundo”. Mas logo acrescentei, para mim não é a glória do mundo mas a glória do Professor e do Amigo. E essa não passa. A sua presença física já não está entre nós. Mas, como “creio na Comunhão dos Santos”, sei que continua connosco. E permanecerá na nossa memória. Guardarei para sempre o seu último sorriso quando eu, ao despedir-me, lhe repeti o que costumo dizer a todos os meus professores:”Por favor, viva por muitos anos, porque enquanto os meus professores forem vivos, eu não envelhecerei e serei sempre um dos vossos meninos”. Que bom é ter memória!...E memórias para evocar! Como dizia minha mãe, “só peço a Deus que me dê juizinho até à hora da morte”.
Dr. Armindo, levou consigo o bem que nos fez e connosco ficou a memória e a saudade. Consola-nos a Fé na Ressurreição.
Ainda recordo a emoção com que a recebi. O remetente vinha impresso, já o meu endereço estava escrito à mão com uma letra trémula mas perfeitamente compreensível.
Continha um cartão timbrado de “ D. Armindo Lopes Coelho - Bispo Emérito do Porto”. Mas quem o assinava era o Dr. Armindo Lopes Coelho.
Ao ler a mensagem “Grato pela visita que serviu para matar saudades”, compreendi a complementaridade. Começava por agradecer a visita que nós, da Fundação Voz Portucalense, com o Pe. Salgueirinho, lhe fizéramos no dia 24 de Março passado. Fôramos visitar o D. Armindo. E terminava “que serviu para matar saudades”. Que saudades? Não falei nada sobre o seu tempo de bispo, mas relembrei o seminário e dei particular ênfase à sua participação numa colónia de férias em “Albergaria da Serra”. E fi-lo porque um seu antigo secretário me havia confidenciado que ele gostava muito de lhes contar as diversas peripécias que aí vivera.
Em síntese:
Foi em Agosto de 1961. Colaborei com o Teixeira Coelho na realização de uma colónia de férias para 19 rapazes do Bairro da Sé. O Dr. Armindo acompanhou-nos durante todos esses dias, com excepção do primeiro em que esteve o Dr. Ângelo Alves. Naquele tempo, a aldeia chamava-se “Albergaria das Cabras” e a única via de acesso era por uma estrada florestal que vinha de Arouca e terminava junto do Radar da Força Aérea. A partir daí, descia-se por caminhos de cabras. Dormíamos em beliches que montámos num sobrado da maior casa da aldeia: ao todo éramos 27 pessoas. As refeições realizavam-se na escola primária. O Dr. Armindo sempre nos acompanhou nesta aventura própria da juventude. E era ver a sua descontracção nos passeios que dávamos pela serra. A rapaziada ficava feliz quando ele participava nos jogos de futebol. É que ele tinha muito jeito... Nunca interferiu minimamente nas nossas orientações. Os responsáveis éramos nós e nós tínhamos 22 anos…
Na nossa conversa do dia 24, ele relembrou os pormenores que acompanhavam o “fazer a barba” na água do rego que “passava atrás da escola”, precisou ele.
Compreendi, então, que quem nos recebera fora o amigo que, sendo bispo, era, antes de tudo, o nosso antigo professor.
Gratidão com gratidão se paga…
Dr. Armindo, quando no final da “Vigília de Oração” no dia 29 de Setembro, me aproximei do seu caixão pousado no chão da capela-mor da Sé Catedral, veio-me à mente a frase ”Assim, passa a glória do mundo”. Mas logo acrescentei, para mim não é a glória do mundo mas a glória do Professor e do Amigo. E essa não passa. A sua presença física já não está entre nós. Mas, como “creio na Comunhão dos Santos”, sei que continua connosco. E permanecerá na nossa memória. Guardarei para sempre o seu último sorriso quando eu, ao despedir-me, lhe repeti o que costumo dizer a todos os meus professores:”Por favor, viva por muitos anos, porque enquanto os meus professores forem vivos, eu não envelhecerei e serei sempre um dos vossos meninos”. Que bom é ter memória!...E memórias para evocar! Como dizia minha mãe, “só peço a Deus que me dê juizinho até à hora da morte”.
Dr. Armindo, levou consigo o bem que nos fez e connosco ficou a memória e a saudade. Consola-nos a Fé na Ressurreição.
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