Em tempos de Paixão
“ Deixei de ir à igreja, perdi a fé. Porque é que Deus a deixou morrer? Ela era um anjo! Que mal fiz eu?”, desabafava, entre lágrimas, uma senhora cuja filha falecera, ainda muito jovem. Vivemos num “vale de lágrimas”, como rezamos na Salve-Rainha.
Uma doença grave surge quando menos se espera. A vida desmorona-se. E os amigos, na partilha silenciosa da dor mais do que nas palavras, são cireneus que atenuam o peso da cruz.
Nessas horas, o crente, como Cristo no Jardim das Oliveiras, reza: “Pai, afasta de mim este cálice.”
Quando o inevitável acontece, questiona Deus sobre o porquê, como se Ele fosse um nosso igual, ou mesmo um subordinado a quem se pode pedir/exigir satisfações: “Porquê, Senhor? Porquê a mim?”. Esquece que, como disse Jesus, os seus caminhos não são os nossos caminhos…
A morte de um filho é uma encruzilhada onde se entrechocam forças de aniquilamento e de sublimação, de revolta e de aceitação, de esperança e de lágrimas. Baloiça-se entre a noite dos sentidos e a luz da Fé. É humanamente compreensível o desabafo amargo daquela mãe. Quem não passou por essa situação não imagina o que será perder um filho na “flor da idade e dos sonhos”. Tudo o faz recordar, as coisas transformam-se em sacramentos de presença e ausência. “ É a Esperança que nos anima; mas é a saudade que faz doer!”, como, há bem pouco tempo, escreveu um bispo português.
Os pais confrontam-se com a mais dolorosa das impotências. Não são os autores da vida do seu filho. Como eles desejariam substituí-lo no leito de morte. - Por que não eu, Senhor? Mas não, não é possível. Este facto poderá suscitar o desespero mas também poderá ajudá-los a tomar consciência do seu papel na Criação, como instrumentos do Deus-Amor. Na pequenez de criaturas finitas, sabem que Deus os ama e partilha do seu sofrimento.
Como escreveu Torres Queiruga a propósito da tragédia do Haiti,
“Deus podia não ter criado o mundo e sabe que, se o cria, terá que ser finito. Por consequência, a imperfeição, a carência, o conflito - o mal - o acompanharão como uma sombra terrível. A experiencia religiosa mais profunda, porém, intuiu sempre que, se Deus criou, é porque valia a pena; que Ele, como Anti-mal de amor infinito, acompanha e sustenta a nossa aventura humana, chamando-nos a colaborar com Ele no trabalho do amor e da justiça, dando sentido à vida e abrindo-nos à esperança.”(www.religiòndigital.com).
Se a Criação, no seu conjunto, é obra do amor de Deus, muito mais o será o Homem, criado como Sua imagem. Deus quer-nos felizes.
Os pais, mesmo de coração retalhado, dão graças a Deus que os associou à Sua Obra Criadora e pedem-Lhe forças para, à semelhança da Mãe no Calvário -“Stabat Mater”-, aguentarem de pé as horas mais duras da vida.
E, na busca de sentido, interrogam-se: - “Para quê? – Para completar o que falta à Paixão de Cristo, responde-lhes S. Paulo. A Paixão culmina na Ressurreição e não há Ressurreição sem Paixão.
E, assim, se, pela paternidade/maternidade, os pais colaboram com o Pai na Criação; pelo sofrimento, cooperam na obra redentora de Cristo. Esta é a Alegria Pascal que procuramos e nos conforta. “Bem-aventurados os que choram porque serão consolados” (Mt 5,4)
Uma doença grave surge quando menos se espera. A vida desmorona-se. E os amigos, na partilha silenciosa da dor mais do que nas palavras, são cireneus que atenuam o peso da cruz.
Nessas horas, o crente, como Cristo no Jardim das Oliveiras, reza: “Pai, afasta de mim este cálice.”
Quando o inevitável acontece, questiona Deus sobre o porquê, como se Ele fosse um nosso igual, ou mesmo um subordinado a quem se pode pedir/exigir satisfações: “Porquê, Senhor? Porquê a mim?”. Esquece que, como disse Jesus, os seus caminhos não são os nossos caminhos…
A morte de um filho é uma encruzilhada onde se entrechocam forças de aniquilamento e de sublimação, de revolta e de aceitação, de esperança e de lágrimas. Baloiça-se entre a noite dos sentidos e a luz da Fé. É humanamente compreensível o desabafo amargo daquela mãe. Quem não passou por essa situação não imagina o que será perder um filho na “flor da idade e dos sonhos”. Tudo o faz recordar, as coisas transformam-se em sacramentos de presença e ausência. “ É a Esperança que nos anima; mas é a saudade que faz doer!”, como, há bem pouco tempo, escreveu um bispo português.
Os pais confrontam-se com a mais dolorosa das impotências. Não são os autores da vida do seu filho. Como eles desejariam substituí-lo no leito de morte. - Por que não eu, Senhor? Mas não, não é possível. Este facto poderá suscitar o desespero mas também poderá ajudá-los a tomar consciência do seu papel na Criação, como instrumentos do Deus-Amor. Na pequenez de criaturas finitas, sabem que Deus os ama e partilha do seu sofrimento.
Como escreveu Torres Queiruga a propósito da tragédia do Haiti,
“Deus podia não ter criado o mundo e sabe que, se o cria, terá que ser finito. Por consequência, a imperfeição, a carência, o conflito - o mal - o acompanharão como uma sombra terrível. A experiencia religiosa mais profunda, porém, intuiu sempre que, se Deus criou, é porque valia a pena; que Ele, como Anti-mal de amor infinito, acompanha e sustenta a nossa aventura humana, chamando-nos a colaborar com Ele no trabalho do amor e da justiça, dando sentido à vida e abrindo-nos à esperança.”(www.religiòndigital.com).
Se a Criação, no seu conjunto, é obra do amor de Deus, muito mais o será o Homem, criado como Sua imagem. Deus quer-nos felizes.
Os pais, mesmo de coração retalhado, dão graças a Deus que os associou à Sua Obra Criadora e pedem-Lhe forças para, à semelhança da Mãe no Calvário -“Stabat Mater”-, aguentarem de pé as horas mais duras da vida.
E, na busca de sentido, interrogam-se: - “Para quê? – Para completar o que falta à Paixão de Cristo, responde-lhes S. Paulo. A Paixão culmina na Ressurreição e não há Ressurreição sem Paixão.
E, assim, se, pela paternidade/maternidade, os pais colaboram com o Pai na Criação; pelo sofrimento, cooperam na obra redentora de Cristo. Esta é a Alegria Pascal que procuramos e nos conforta. “Bem-aventurados os que choram porque serão consolados” (Mt 5,4)
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