O Triplo Filtro
Todos ouvimos falar do “Erasmus”, o programa da C. E. que levou muitos portugueses a estudar em universidades europeias e trouxe muitos estudantes estrangeiros para Portugal. O que talvez nem todos saibam é que este nome presta homenagem a Erasmo de Roterdão, um insigne humanista do “Renascimento Flamengo” dos séculos XV/XVI.
Ao rezar a Ladainha dos Santos, Erasmo
acrescentava: “S. Sócrates - Rogai por nós”. O que terá levado este eminente estudioso da cultura clássica a incluir na lista dos santos um filósofo que viveu 5 séculos antes de Cristo? Foi a coerência entre o pensar e o agir que culminou na sua morte. Por coerência à sua missão de “moscardo que espicaçava as consciências adormecidas”, Sócrates ousou enfrentar os poderosos de Atenas e, por isso, foi condenado à morte. Porque defendia que os cidadãos deviam obedecer às leis do Estado (vivia-se a democracia ateniense), não aceitou fugir da prisão quando os seus amigos, depois de corromperem o carcereiro, lhe abriram as portas do cárcere e, por, isso, foi executado. (Quem quiser saber mais poderá maravilhar-se lendo os Diálogos de Platão: “Apologia de Sócrates” e “Criton”.) Sócrates foi coerente até ao fim. E o fim foi a morte.
O seu lema era “saber mais para agir melhor”. Vejamos…
Certo dia, um seu conhecido aproximou-se dele e disse:
“-Sócrates, sabe o que eu acabei de ouvir acerca daquele teu amigo?
- Espera um minuto, respondeu Sócrates. Antes que me digas alguma coisa, gostaria de te fazer o teste do Triplo Filtro.
- Triplo Filtro?
- Sim, continuou Sócrates. Antes que me fales do meu amigo, talvez fosse boa ideia parar um momento e filtrar aquilo que vais dizer. E continuou:
- O primeiro filtro é a VERDADE. Tens a certeza absoluta de que aquilo que me vais dizer é perfeitamente verdadeiro?
- Não, disse o homem. O que acontece é que ouvi dizer…
- Então, diz Sócrates. Não sabes se é verdade. Passemos ao segundo filtro que é a BONDADE. O que me vais dizer sobre o meu amigo é bom?
- Não, muito pelo contrário…
- Então, continuou Sócrates. Queres dizer-me algo de mau sobre ele e ainda por cima nem sabes se é ou não verdadeiro. Mas, bem, pode ser que ainda passes no terceiro filtro. O último filtro é a UTILIDADE. O que me vais dizer sobre o meu amigo será útil para mim?
- Não, acho que não…
- Bem, concluiu Sócrates. Se o que me dirás não é bom, nem útil e muito menos verdadeiro, para quê dizer-me?”
Se seguíssemos este exemplo, quanta maledicência, quanta murmuração ficaria por fazer; quanta calúnia, quanto sofrimento se evitaria… E Sócrates nem precisou de ser cristão, bastou-lhe ser humano.
Ao rezar a Ladainha dos Santos, Erasmo
acrescentava: “S. Sócrates - Rogai por nós”. O que terá levado este eminente estudioso da cultura clássica a incluir na lista dos santos um filósofo que viveu 5 séculos antes de Cristo? Foi a coerência entre o pensar e o agir que culminou na sua morte. Por coerência à sua missão de “moscardo que espicaçava as consciências adormecidas”, Sócrates ousou enfrentar os poderosos de Atenas e, por isso, foi condenado à morte. Porque defendia que os cidadãos deviam obedecer às leis do Estado (vivia-se a democracia ateniense), não aceitou fugir da prisão quando os seus amigos, depois de corromperem o carcereiro, lhe abriram as portas do cárcere e, por, isso, foi executado. (Quem quiser saber mais poderá maravilhar-se lendo os Diálogos de Platão: “Apologia de Sócrates” e “Criton”.) Sócrates foi coerente até ao fim. E o fim foi a morte.
O seu lema era “saber mais para agir melhor”. Vejamos…
Certo dia, um seu conhecido aproximou-se dele e disse:
“-Sócrates, sabe o que eu acabei de ouvir acerca daquele teu amigo?
- Espera um minuto, respondeu Sócrates. Antes que me digas alguma coisa, gostaria de te fazer o teste do Triplo Filtro.
- Triplo Filtro?
- Sim, continuou Sócrates. Antes que me fales do meu amigo, talvez fosse boa ideia parar um momento e filtrar aquilo que vais dizer. E continuou:
- O primeiro filtro é a VERDADE. Tens a certeza absoluta de que aquilo que me vais dizer é perfeitamente verdadeiro?
- Não, disse o homem. O que acontece é que ouvi dizer…
- Então, diz Sócrates. Não sabes se é verdade. Passemos ao segundo filtro que é a BONDADE. O que me vais dizer sobre o meu amigo é bom?
- Não, muito pelo contrário…
- Então, continuou Sócrates. Queres dizer-me algo de mau sobre ele e ainda por cima nem sabes se é ou não verdadeiro. Mas, bem, pode ser que ainda passes no terceiro filtro. O último filtro é a UTILIDADE. O que me vais dizer sobre o meu amigo será útil para mim?
- Não, acho que não…
- Bem, concluiu Sócrates. Se o que me dirás não é bom, nem útil e muito menos verdadeiro, para quê dizer-me?”
Se seguíssemos este exemplo, quanta maledicência, quanta murmuração ficaria por fazer; quanta calúnia, quanto sofrimento se evitaria… E Sócrates nem precisou de ser cristão, bastou-lhe ser humano.
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