O Tanoeiro da Ribeira

segunda-feira, outubro 05, 2009

Em 5 de Outubro

Por caminhos de Liberdade…

Cidade da Liberdade” é um título que nos honra e nos compromete.
Cidade de afectos, o Porto luta por aquilo que ama. Muitos dos seus habitantes, ao longo dos tempos, sacrificaram a sua liberdade e a sua vida em favor da Liberdade.
Amigo leitor, convido-o a vir comigo conhecer espaços que consagram essa memória que se quer viva em todas as gerações.
Acolho-vos na nossa “Sala de Visitas”. Começamos pela “Praça da Liberdade”, a nossa “ Praça”. Nela sobressai a estátua equestre de D. Pedro IV, o rei-soldado que deixou a tranquilidade do seu Brasil e veio para o Porto defender com armas na mão a Constituição contra o absolutismo de seu irmão, D. Miguel. E amou de tal modo o Porto que lhe legou o seu coração que a cidade guarda religiosamente na igreja da Lapa.
A “Avenida dos Aliados” consagra a vitória, na 2ª Grande Guerra, dos defensores do humanismo contra a opressão sanguinária do nazismo hitleriano. Ao cimo, a “Praça Humberto Delgado”, o “general sem medo”, assassinado pela PIDE, que ousou enfrentar a ditadura de Salazar e que o Porto recebeu em delírio na sua campanha para a Presidência da República, em 1958. Ao centro, a estátua de Almeida Garrett, o estadista, escritor, nascido no morro da Vitória, que lutou no Cerco do Porto ao lado de D. Pedro e afirmou: “Se, na nossa cidade há muito quem troque o b pelo v, há muito pouco quem troque a liberdade pela servidão”.
A “Sala de Visitas” do Porto é um hino à Liberdade.

Seguimos para a “Praça de D. João I”, o rei que quis casar na Sé do Porto, num acto de gratidão pelo apoio que as suas gentes lhe deram quando esteve em causa a independência de Portugal. O Porto sempre esteve com os que defendiam a nossa liberdade como nação soberana.Aconteceu o mesmo no tempo do Prior do Crato e das Invasões Francesas.


Subamos agora a rua que já foi de Santo António e hoje é de “31 de Janeiro”. Estamos a pisar chão onde correu o sangue de muitos portuenses que, nesse dia de 1891, vindos da Praça de Santo Ovídio, hoje Praça da República em sua memória, davam “vivas” à República e “morras” ao Rei por causa do Mapa Cor-de-Rosa e do Ultimato Inglês. Foi o primeiro sangue a tingir o vermelho da bandeira republicana. E quão longe ainda vinha o 5 de Outubro de 1910… No cemitério do Prado do Repouso, curvemo-nos perante o monumento, com o facho da Liberdade, que os evoca: “Paz aos Vencidos”.
Paremos, agora, no “Campo 24 de Agosto” que lembra os portuenses que, nesse dia de 1820, fizeram a “revolução liberal” que esteve na origem do “Portugal Novo”. Ali ao lado, prestemos homenagem ao seu líder, Fernandes Tomás.

E porque a Igreja do Porto esteve sempre com as suas
gentes, paremos, em Santa Clara, junto à estátua de D. António Barroso, o Bispo que foi expulso da diocese e esteve preso duas vezes por, durante a 1ª República, defender a liberdade da Igreja e dos seus fiéis.
Aos pés da estátua de D. António Ferreira Gomes, nos Clérigos, evoquemos o Bispo que, fiel ao seu lema “de joelhos diante de Deus, de pé diante dos homens”, pagou com um exílio de 10 anos a coragem de enfrentar o poder ditatorial de Salazar. Sigamos o exemplo: “… de pé diante dos homens”.
Gostaria de terminar com uma citação de Agostinho da Silva, filósofo do Porto que muitos conhecemos: “ São meus discípulos (…) os que estão contra mim; porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir: a de se não conformarem”
Fica o apelo: Não nos conformemos