Um coração bom num olhar sereno
Pe. Augusto Nogueira de Sousa
A freguesia de Gandra, Paredes, sempre foi um alfobre de vocações sacerdotais. O mais conhecido será, certamente, Monsenhor Moreira das Neves que soube iluminar a sua vida com o ouro da poesia. Não é ele, porém, que agora quero evocar, mas sim um sacerdote de quem, aquando da sua morte em 1987, um jornal noticiava: “ A sua memória ficará para sempre na história da Igreja de Cabo Verde que sempre serviu.” Apesar de não ser sacerdote diocesano, mereceu ter no seu funeral a presença de D. Joaquim Gonçalves, Bispo Auxiliar de Braga, no seminário de Fraião onde falecera e de D. José Pedreira, Bispo Auxiliar do Porto, à chegada à sua terra natal onde está sepultado.
Conheci-o num Natal, já lá vão muitos anos, e a sua evocação ainda hoje me traz à alma um sentimento serenidade e de paz. À finura de trato e à doçura de carácter, aliava o entusiasmo da paixão: pelas missões e pelas gentes de Cabo Verde. Ao lembrar-me dele, saltam-me à mente as palavras: “ Bem-aventurados os mansos porque possuirão a terra” (Mt 5, 5)
Nascera no seio de uma família numerosa e profundamente cristã. Eram seis irmãos, entre os quais o Pe. Joaquim Nogueira de Sousa que foi Pároco de Tresouras e Loivos da Ribeira, Baião, de Parada de Todeia, Paredes, e de S. Martinho de Campo, Valongo.
Tinha apenas dez dias de vida quando seus pais morreram. Valeu-lhes o coração grande de uma tia que renunciou ao casamento para ser “mãe” daqueles seus “sobrinhos-filhos”.
Frequentou os seminários do Espírito Santo. Foi ordenado em 1942.

Logo em 1943, partiu para Cabo Verde, onde trabalhou até 1978, ano em regressou a Portugal para se tratar das enfermidades que o consumiam. Foi o grande reorganizador da Diocese de Santiago de Cabo Verde (Praia) que entrara em colapso após o encerramento do seu seminário em tempos da 1ª República.
Missionário ambulante, percorria todas as ilhas, arriscando a vida em frágeis embarcações e dormindo, por vezes, em simples esteiras em chão de terra batida.
Exerceu quase todos os cargos eclesiásticos, desde Pároco até Reitor do Seminário, Vigário Geral e, mesmo, Administrador Apostólico da Diocese.
A sua cordialidade e a sua cultura granjearam-lhe o respeito de todas as autoridades do Arquipélago. No período de transição da soberania portuguesa para o PAIGC, foi um interlocutor privilegiado no diálogo da Igreja com as novas autoridades. Como dizia o citado jornal: “ Foram tempos difíceis mas, se a Igreja hoje em Cabo Verde goza de um certo respeito e liberdade de acção, a ele muito o deve.”
Quando ouço louvar o regime cabo-verdiano como um exemplo de democracia nos PALOPs, penso que será, ainda, um fruto das sementes de fraternidade lançadas pelo Pe. Augusto. A sua presença na Igreja Cabo-Verdiana prolongou-se através dos seus discípulos de que realço D. Paulino Évora que, de 1975 a 2009, foi Bispo da Diocese da Praia. Conheci-o, se a memória não me atraiçoa, era ainda seminarista espiritano, na casa paroquial de Campo onde, como outros colegas cabo-verdianos, passava parte das suas férias. Com que ternura, o Pe. Augusto tratava os “seus seminaristas”. Deixo, também, uma palavra de apreço para o Pe. Nogueira que sempre acolheu em sua casa estes “filhos” do seu irmão Augusto.
Obrigado, Pe. Augusto, pela BONDADE do seu Coração e pela ALEGRIA da sua Fé.
A freguesia de Gandra, Paredes, sempre foi um alfobre de vocações sacerdotais. O mais conhecido será, certamente, Monsenhor Moreira das Neves que soube iluminar a sua vida com o ouro da poesia. Não é ele, porém, que agora quero evocar, mas sim um sacerdote de quem, aquando da sua morte em 1987, um jornal noticiava: “ A sua memória ficará para sempre na história da Igreja de Cabo Verde que sempre serviu.” Apesar de não ser sacerdote diocesano, mereceu ter no seu funeral a presença de D. Joaquim Gonçalves, Bispo Auxiliar de Braga, no seminário de Fraião onde falecera e de D. José Pedreira, Bispo Auxiliar do Porto, à chegada à sua terra natal onde está sepultado.
Conheci-o num Natal, já lá vão muitos anos, e a sua evocação ainda hoje me traz à alma um sentimento serenidade e de paz. À finura de trato e à doçura de carácter, aliava o entusiasmo da paixão: pelas missões e pelas gentes de Cabo Verde. Ao lembrar-me dele, saltam-me à mente as palavras: “ Bem-aventurados os mansos porque possuirão a terra” (Mt 5, 5)
Nascera no seio de uma família numerosa e profundamente cristã. Eram seis irmãos, entre os quais o Pe. Joaquim Nogueira de Sousa que foi Pároco de Tresouras e Loivos da Ribeira, Baião, de Parada de Todeia, Paredes, e de S. Martinho de Campo, Valongo.
Tinha apenas dez dias de vida quando seus pais morreram. Valeu-lhes o coração grande de uma tia que renunciou ao casamento para ser “mãe” daqueles seus “sobrinhos-filhos”.
Frequentou os seminários do Espírito Santo. Foi ordenado em 1942.

Logo em 1943, partiu para Cabo Verde, onde trabalhou até 1978, ano em regressou a Portugal para se tratar das enfermidades que o consumiam. Foi o grande reorganizador da Diocese de Santiago de Cabo Verde (Praia) que entrara em colapso após o encerramento do seu seminário em tempos da 1ª República.
Missionário ambulante, percorria todas as ilhas, arriscando a vida em frágeis embarcações e dormindo, por vezes, em simples esteiras em chão de terra batida.
Exerceu quase todos os cargos eclesiásticos, desde Pároco até Reitor do Seminário, Vigário Geral e, mesmo, Administrador Apostólico da Diocese.
A sua cordialidade e a sua cultura granjearam-lhe o respeito de todas as autoridades do Arquipélago. No período de transição da soberania portuguesa para o PAIGC, foi um interlocutor privilegiado no diálogo da Igreja com as novas autoridades. Como dizia o citado jornal: “ Foram tempos difíceis mas, se a Igreja hoje em Cabo Verde goza de um certo respeito e liberdade de acção, a ele muito o deve.”
Quando ouço louvar o regime cabo-verdiano como um exemplo de democracia nos PALOPs, penso que será, ainda, um fruto das sementes de fraternidade lançadas pelo Pe. Augusto. A sua presença na Igreja Cabo-Verdiana prolongou-se através dos seus discípulos de que realço D. Paulino Évora que, de 1975 a 2009, foi Bispo da Diocese da Praia. Conheci-o, se a memória não me atraiçoa, era ainda seminarista espiritano, na casa paroquial de Campo onde, como outros colegas cabo-verdianos, passava parte das suas férias. Com que ternura, o Pe. Augusto tratava os “seus seminaristas”. Deixo, também, uma palavra de apreço para o Pe. Nogueira que sempre acolheu em sua casa estes “filhos” do seu irmão Augusto.
Obrigado, Pe. Augusto, pela BONDADE do seu Coração e pela ALEGRIA da sua Fé.
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