O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, junho 30, 2010

Uma Obra de Igreja

Campanhã, a mais extensa freguesia da cidade do Porto, é terra onde os vizinhos ainda se conhecem pelo nome. É terra de gente solidária que se manifesta não só nas relações de vizinhança mas nas muitas colectividades que proliferam na freguesia.




Hoje, merece uma referência especial uma prestigiada instituição de matriz cristã que, não sendo da Igreja, sempre foi tida como obra de Igreja. Falo da “Associação Nun’Álvares de Campanhã - ANC”. Veneranda nos 75 anos que está a festejar, mantém “a dinâmica de uma saudável juventude”.

Na passada 6ª feira, o seu grande salão de festas encheu-se para a apresentação do livro “Associação Nun’Álvares de Campanhã – subsídios para a sua História”da autoria do Professor César Santos Silva, feita pela Engª Natália Queiroz, presidente dos “Amigos do Porto”. Esta obra notável de investigação histórica só foi possível, no dizer do seu autor, graças à colaboração de Manuel Jorge Costa.

E vieram-me à mente as palavras do Santo Padre, na sua recente visita a Portugal:
“A cultura reflecte hoje uma tensão, que por vezes toma formas de conflito, entre o presente e a tradição. A dinâmica da sociedade absolutiza o presente,
isolando-o do património cultural do passado e sem a intenção de delinear um futuro
.”
Está, pois, de parabéns, a Direcção ao fazer memória de todo um passado que a dignifica e pode ajudar a delinear o futuro desta terra que sofre da fatalidade geográfica de ser o “nordeste da cidade”.

Como escreveu o actual presidente da Associação, Albino Magalhães, “A falta que os jovens da Paróquia sentiam em ter um espaço colectivo onde pudessem conviver, praticar desporto e actividades lúdicas, encontraram na Igreja e no Pároco a mão capaz de os ajudar num projecto arrojado”. E o sonho de alguns fez-se obra de toda a comunidade. Corria o ano de 1934.
Desde o início, os jovens, sob o lema “mens sana in corpore sano”, foram os promotores do crescimento da ANC, nas suas diversas valências: biblioteca, orquestra, orfeão, grupo cénico, sala de jogos, secção desportiva de ping pong, basquetebol, voleibol, hóquei em patins. Em 1941, a biblioteca possuía 612 livros; em 1944, a equipa de basquetebol venceu o campeonato regional da 2ª divisão.


Quantas gerações de jovens cresceram à sombra desta casa! Quantos a ela devem o seu futuro! Como me disse um desses jovens, hoje médico de sucesso:”aquela era a nossa casa”.

Os tempos foram passando… Criou-se o “Posto Médico” e a “Sopa dos Pobres”. Hoje, ao celebrar as suas “Bodas de Brilhante” a Associação tem ATL, Centro de Dia para Idosos, Serviço de Apoio Domiciliário, Creche, Jardim de Infância, Centro de Convívio. É servida por 49 colaboradores e gere, anualmente, cerca de um milhão de euros. Além destas, existem outras actividades de cariz social, cultural e religiosa. Nela, reúnem os múltiplos grupos paroquiais e tem a sua sede o 9º Agrupamento CNE.

E o futuro? O futuro chama-se “Casa dos Girassóis” e começa a nascer com um novo Centro de Dia, num terreno de 6 150 m2, junto às actuais instalações e culminará num Lar de Idosos.
Que Deus ajude a actual Direcção a realizar este seu sonho maior e recompense todos aqueles que ajudaram a nascer e crescer esta obra cristã e profundamente humana. Um bem-haja para todos os que nela trabalham ou dela usufruem.
Apetece-me terminar, parafraseando um slogan publicitário em voga: Sem a Associação Nun’Álvares, Campanhã poderia existir, mas não era a mesma coisa…