UM CORAÇÃO COM ROSTO
Há meses, ao conversar com o pároco de S. Cristóvão de Ovar sobre a “Peregrinação a Santuários Franceses”, que inclui uma visita a Paray – le- Monial, tomei conhecimento do livro “Um Coração com Rosto”, editado em 2005 pela Câmara Municipal de Ovar. O autor do texto que deu título a esta obra, Pe. Manuel Pires Bastos, falou-me, com grande saber, sobre o culto do Sagrado Coração de Jesus em Portugal e. muito especialmente, em Ovar.
Comunguei do seu entusiasmo e recordei, então, os tempos da minha meninice quando, em vez de minha mãe, zeladora muito devota do Sagrado Coração de Jesus, passava por casa dos associados a recolher as suas contribuições para a Associação existente na paróquia. Porque sei da influência que esta devoção teve na educação cristã de muitas crianças da minha geração, resolvi escrever esta breve resenha histórica baseada nos elementos que me foram fornecidos por aquele sacerdote investigador.
* O Coração de Jesus
É do século XIII a mais antiga representação do Coração de Jesus. Os séculos XV e XVI foram férteis em exercícios de piedade dirigidos ao coração de Cristo. Em Portugal, a partir de 1581, Frei Tomé de Jesus estimula um culto personalizado e contemplativo, escrevendo: “Adoro-te, abraço-te saúdo-te Divino Coração, tão cativo do meu Amor”
* Santa Margarida Maria Alacoque A partir de 1674, acontecem as revelações do Coração de Jesus a esta religiosa do Instituto da Visitação, em Paray-le-Monial (França). Na terceira destas manifestações, Cristo mostra o seu peito aberto, expressão do “excesso a que tinha chegado em amar os homens, de quem não recebia senão ingratidões e desprezos”. Noutra revelação, faz promessas aos seus devotos e pede-lhes actos de reparação através da comunhão nas primeiras sextas-feiras de cada mês. Como eu recordo a preocupação que, após a primeira comunhão, tínhamos em fazer as nove primeiras sextas-feiras subsequentes. E com que rigor cumpríamos o jejum desde a meia-noite anterior… Que saudades das tardes em que nos íamos confessar. Eram momentos de partilha em que nós, antes de ajoelharmos aos pés do sacerdote, confessávamos uns aos outros os pecados que íamos dizer, e assim facilitávamos a vida aos que tinham mais dificuldades em fazer o "seu exame de consciência: desobediências aos pais, brincadeiras durante a missa, distracção nas rezas, uns palavrõezitos... e pouco mais...
* O Culto em PortugalDe Macau, onde em 1709 fora erecta uma Confraria do Coração de Jesus, chegou, em 1728, ao Convento de S. Jerónimo, em Viana do Alentejo, uma carta em que se exaltava as vantagens espirituais da devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Em 1731, foi entronizada festivamente no mosteiro de Xabregas uma imagem do Coração de Jesus e implantada a primeira irmandade de Portugal. A partir de 1761, ano em que D. Maria I confiou ao Coração de Jesus o futuro da sua dinastia, passaram a promover-se todos os anos, “importantes festejos” nos Paços Reais da Bemposta, na primeira 6ª feira após o Corpo de Deus,
Ovar terá sido, se não a primeira, pelo menos uma das primeiras paróquias portuguesas a aderir ao novo culto público ao Divino Coração. Fê-lo, em 5/12/1755, no pontificado de Bento XIV, um mês após o terramoto de Lisboa, através da criação da Irmandade do Santíssimo Coração de Jesus, inspirada na mensagem de Paray-le-Monial. Com sede na Capela de Nª. Sra. da Graça, os seus estatutos foram confirmados no Porto, em 21/04/1756, por D. João da Silva Ferreira
Comunguei do seu entusiasmo e recordei, então, os tempos da minha meninice quando, em vez de minha mãe, zeladora muito devota do Sagrado Coração de Jesus, passava por casa dos associados a recolher as suas contribuições para a Associação existente na paróquia. Porque sei da influência que esta devoção teve na educação cristã de muitas crianças da minha geração, resolvi escrever esta breve resenha histórica baseada nos elementos que me foram fornecidos por aquele sacerdote investigador.
* O Coração de Jesus
É do século XIII a mais antiga representação do Coração de Jesus. Os séculos XV e XVI foram férteis em exercícios de piedade dirigidos ao coração de Cristo. Em Portugal, a partir de 1581, Frei Tomé de Jesus estimula um culto personalizado e contemplativo, escrevendo: “Adoro-te, abraço-te saúdo-te Divino Coração, tão cativo do meu Amor”
* Santa Margarida Maria Alacoque A partir de 1674, acontecem as revelações do Coração de Jesus a esta religiosa do Instituto da Visitação, em Paray-le-Monial (França). Na terceira destas manifestações, Cristo mostra o seu peito aberto, expressão do “excesso a que tinha chegado em amar os homens, de quem não recebia senão ingratidões e desprezos”. Noutra revelação, faz promessas aos seus devotos e pede-lhes actos de reparação através da comunhão nas primeiras sextas-feiras de cada mês. Como eu recordo a preocupação que, após a primeira comunhão, tínhamos em fazer as nove primeiras sextas-feiras subsequentes. E com que rigor cumpríamos o jejum desde a meia-noite anterior… Que saudades das tardes em que nos íamos confessar. Eram momentos de partilha em que nós, antes de ajoelharmos aos pés do sacerdote, confessávamos uns aos outros os pecados que íamos dizer, e assim facilitávamos a vida aos que tinham mais dificuldades em fazer o "seu exame de consciência: desobediências aos pais, brincadeiras durante a missa, distracção nas rezas, uns palavrõezitos... e pouco mais...
* O Culto em PortugalDe Macau, onde em 1709 fora erecta uma Confraria do Coração de Jesus, chegou, em 1728, ao Convento de S. Jerónimo, em Viana do Alentejo, uma carta em que se exaltava as vantagens espirituais da devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Em 1731, foi entronizada festivamente no mosteiro de Xabregas uma imagem do Coração de Jesus e implantada a primeira irmandade de Portugal. A partir de 1761, ano em que D. Maria I confiou ao Coração de Jesus o futuro da sua dinastia, passaram a promover-se todos os anos, “importantes festejos” nos Paços Reais da Bemposta, na primeira 6ª feira após o Corpo de Deus,
Ovar terá sido, se não a primeira, pelo menos uma das primeiras paróquias portuguesas a aderir ao novo culto público ao Divino Coração. Fê-lo, em 5/12/1755, no pontificado de Bento XIV, um mês após o terramoto de Lisboa, através da criação da Irmandade do Santíssimo Coração de Jesus, inspirada na mensagem de Paray-le-Monial. Com sede na Capela de Nª. Sra. da Graça, os seus estatutos foram confirmados no Porto, em 21/04/1756, por D. João da Silva Ferreira
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