O exemplo da Cristiana Josefa
Neste verão, a nossa terra esteve em chamas. Aconteceram tragédias. A que mais me emocionou foi a duma jovem bombeira que morreu carbonizada num incêndio em Gondomar. Natural de Fiães, chamava-se Cristiana Josefa Ferreira Santos e pertencia aos Bombeiros de Lourosa.
Em 11 de Agosto, o Jornal de Notícias escreveu: “Estudante do segundo ano de Engenharia Biomédica e trabalhadora em part-time num supermercado, aproveitava as férias para ajudar no combate aos incêndios florestais. (…) Voluntária há dois anos, foi a primeira classificada no seu curso, (…) sendo a primeira mulher a conseguir tal feito”.
Foi preciso acontecer tragédia para que esta jovem saísse do anonimato.
Quando ouço comentar o comportamento dos jovens, recordo uma conversa que tive com minha mãe. Certo dia, fui visitá-la e encontrei-a muito triste.
– Que foi, mãe, por que está assim? perguntei.
- Foram os ratos, respondeu ela muito zangada. Tinha guardado milho para a semente e os ratos foram a ele e roeram-no todo.
Para atenuar a sua tristeza, brinquei:
- Coitados dos ratos!...
- Coitados dos ratos?
– Sim, mãe. Pode ter sido só um rato e a mãe está a culpar todos os ratos.
Ela sorriu-se:
- tens razão, bem de certo foi só um…
Como, por vezes, são perigosas e injustas as nossas generalizações…
É verdade que há jovens que só pensam em divertir-se mas também são muitos os que, como a Josefa, são capazes de fazer voluntariado em favor dos outros. Quem não se lembra dos jovens que ajudam na recolha de bens para o Banco Alimentar? E bombeiros? E catequistas? E acólitos? E?...E?... Quantos não há?...
É verdade que há estudantes que pouco estudam, mas há quem estude e estude muito. Mais do que alguns de nós nos nossos tempos de estudantes, sejamos sinceros. Até porque os números “clausus”, em certos cursos, exigem classificações muito altas.
É certo que há jovens que não respeitam os professores mas também são muitos os que os admiram, como escreveu uma aluna no seu “diário”, a respeito duma professora.” A sua experiência de vida deu-me vontade de viver cada vez mais. Vou falar dela quando casar e tiver filhos, como falo hoje aos meus pais e amigos.”
Sem dúvida que há jovens que só sabem conviver em festas com álcool, drogas e sexo mas são muitos aqueles que aproveitam as férias para conviver e partilhar trabalho e reflexão, como vi em Taizé. Eram cerca de 6 000 que, depois limparem as instalações, incluindo as casas de banho, de confeccionarem e servirem milhares de refeições, ainda encontravam tempo para uma oração que se prolongava pela noite dentro.
Para terminar, quero deixar dois pedidos:
- Que todos nós, ao falarmos dos jovens, nos lembremos da Josefa e dos muitos jovens anónimos que são exemplos de vida. Merecem a nossa consideração.
- Que os senhores autarcas da Vila da Feira atribuam o nome da Cristiana Josefa a uma escola do concelho. Os jovens precisam de bons exemplos.
E aos pais, familiares, amigos e colegas da Josefa o que poderei dizer? Eu sei que é muito duro perder alguém na flor da idade. A saudade enche-nos os olhos de lágrimas e, por vezes, o coração de revolta. Mas, nada se perde. A Josefa levou consigo o bem que fez e deixou-vos uma memória boa que vos reconforta e engrandece a vossa terra.
Em 11 de Agosto, o Jornal de Notícias escreveu: “Estudante do segundo ano de Engenharia Biomédica e trabalhadora em part-time num supermercado, aproveitava as férias para ajudar no combate aos incêndios florestais. (…) Voluntária há dois anos, foi a primeira classificada no seu curso, (…) sendo a primeira mulher a conseguir tal feito”.
Foi preciso acontecer tragédia para que esta jovem saísse do anonimato.
Quando ouço comentar o comportamento dos jovens, recordo uma conversa que tive com minha mãe. Certo dia, fui visitá-la e encontrei-a muito triste.
– Que foi, mãe, por que está assim? perguntei.
- Foram os ratos, respondeu ela muito zangada. Tinha guardado milho para a semente e os ratos foram a ele e roeram-no todo.
Para atenuar a sua tristeza, brinquei:
- Coitados dos ratos!...
- Coitados dos ratos?
– Sim, mãe. Pode ter sido só um rato e a mãe está a culpar todos os ratos.
Ela sorriu-se:
- tens razão, bem de certo foi só um…
Como, por vezes, são perigosas e injustas as nossas generalizações…
É verdade que há jovens que só pensam em divertir-se mas também são muitos os que, como a Josefa, são capazes de fazer voluntariado em favor dos outros. Quem não se lembra dos jovens que ajudam na recolha de bens para o Banco Alimentar? E bombeiros? E catequistas? E acólitos? E?...E?... Quantos não há?...
É verdade que há estudantes que pouco estudam, mas há quem estude e estude muito. Mais do que alguns de nós nos nossos tempos de estudantes, sejamos sinceros. Até porque os números “clausus”, em certos cursos, exigem classificações muito altas.
É certo que há jovens que não respeitam os professores mas também são muitos os que os admiram, como escreveu uma aluna no seu “diário”, a respeito duma professora.” A sua experiência de vida deu-me vontade de viver cada vez mais. Vou falar dela quando casar e tiver filhos, como falo hoje aos meus pais e amigos.”
Sem dúvida que há jovens que só sabem conviver em festas com álcool, drogas e sexo mas são muitos aqueles que aproveitam as férias para conviver e partilhar trabalho e reflexão, como vi em Taizé. Eram cerca de 6 000 que, depois limparem as instalações, incluindo as casas de banho, de confeccionarem e servirem milhares de refeições, ainda encontravam tempo para uma oração que se prolongava pela noite dentro.
Para terminar, quero deixar dois pedidos:
- Que todos nós, ao falarmos dos jovens, nos lembremos da Josefa e dos muitos jovens anónimos que são exemplos de vida. Merecem a nossa consideração.
- Que os senhores autarcas da Vila da Feira atribuam o nome da Cristiana Josefa a uma escola do concelho. Os jovens precisam de bons exemplos.
E aos pais, familiares, amigos e colegas da Josefa o que poderei dizer? Eu sei que é muito duro perder alguém na flor da idade. A saudade enche-nos os olhos de lágrimas e, por vezes, o coração de revolta. Mas, nada se perde. A Josefa levou consigo o bem que fez e deixou-vos uma memória boa que vos reconforta e engrandece a vossa terra.
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