SENHORA DA LAPA
NOTAS DE VIAGEM
Por razões que já referi no texto “Civitas Virginis”, o Coro Gregoriano do Porto, durante o último ano, tem concentrado o seu trabalho no culto a Nossa Senhora. Para além de esporádicos concertos, temos ocupado os nossos ensaios preparar temas que integrarão o nosso próximo CD. Por isso, ao programar o nosso passeio anual, decidi propor aos meus colegas a visita ao Santuário da Senhora da Lapa, em Sernancelhe. Foi uma maneira de realçarmos uma invocação mariana que é venerada na nossa cidade e muito diz ao nosso coro: nunca esquecemos que “nascemos” na Igreja da Lapa, no Porto.
A propósito do roteiro que escrevi para os “passeantes” (apresentado no final deste texto), gostaria de destacar algumas notas de viagem
No Tojal, os meus colegas ficaram maravilhados com a beleza do altar-mor e com os azulejos da igreja de Nossa Senhora da Oliva.(Que bonita é sua a imagem!...) Valeu-nos a simpatia da senhora Maria que nos foi abrir a porta (quando, no final, eu me apressava para lhe dar uma pequena gorjeta, ela recusou, dizendo: obrigado mas não aceito, fica para um café para vocês, eu já fico muito contente quando vêm visitar a nossa igreja). E todos ficámos sensibilizados com esta atitude e lamentámos o desconhecimento e o abandono a que estão votadas muitas obras de arte do nosso património cultural e histórico.
No “Senhor dos Caminhos”, mergulhámos na história e imaginámos os almocreves a passar com os seus machos/mulas carregados de mercadorias, invocando a protecção divina contra salteadores e animais selvagens. Como está bem adaptado o nome do santuário, Senhor dos Caminhos… Todo o espaço envolvente da capela está impecavelmente tratado: muito limpo, mesas para piqueniques, casa de apoio aos peregrinos, tílias frondosas que enchem o recinto com o perfume das suas flores. É um local paradisíaco onde apetece ficar, repousar e lá voltar.
A capela estava aberta. Pedimos autorização ao sacerdote que estava ensaiar o coro litúrgico, e, no altar, cantámos o “Rorate”. Que bem nos soube!... No fim, ao falar com o dito sacerdote sobre os projectos do nosso coro, ele sugeriu que o CD que vamos dedicar a Nossa Senhora, se chamasse apenas “ Maria”. É interessante. Fica a proposta para ser estudada…
Em Aguiar da Beira, foi o almoço no Cabicanca… Ao ver a pressa com que todos, esfomeados, “atacaram” as entradas, lembrei-me dos velhos tempos do Seminário de Vilar em dia de “prélio”/”batalha”: era o dia (creio que era à quinta-feira) em que o almoço era batatas com bacalhau, mais das primeiras (não muitas...) e pouco do segundo. Era dia de festa… Aburguesados, já não nos contentamos com a bacalhoada. Começámos, de facto, um bom bacalhau com “batatas a murro”, mas não dispensámos um muito saboroso e tenrinho “cabrito assado no forno”, iguaria característica desta terra serrana.
Depois foi a “Senhora da Lapa”. A visita iniciou-se pelo Santuário. Admirámos a belíssima imagem da Senhora da Lapa. Depois, temerosos, encolhemos as barrigas, mais ou menos proeminentes, e lá nos esgueirámos pela “frincha” entre penedos. Passámos todos… É tudo boa gente sem grandes pesos na consciência e na barriga….
Como preito a Nossa Senhora, cantámos o nosso cântico fundador, o “Rorate” e o “ Regina Caeli”.
Já no exterior, olhámos para o grandioso edifício do Colégio dos Jesuítas, onde estudou Aquilino. E interrogámo-nos sobre o quanto o nosso país deve à acção cultural da Igreja. Não fora este colégio e a nossa literatura, certamente, não poderia contar com um dos seus grandes nomes. Qual terá sido a influência cultural deste grande colégio, perdido em “Terras do Demo”? Quantas injustiças se cometem ao ignorar-se a missão civilizadora da Igreja.
No Carregal, no “Pórtico dos Sanhudos”, recebeu-nos o senhor José Castelo e a D. Fernanda, actuais proprietários da casa onde nasceu Aquilino Ribeiro. Este ano, não puderam oferecer cerejas porque não as tiveram, mas partilhámos um garrafão de vinho das suas videiras e bebemos água bem fresquinha que foram buscar à fonte. Obrigado, senhor Castelo pela vossa amabilidade. Por sua indicação, lemos vários trechos do livro de Aquilino “Cinco Reis de Gente” onde ele fala das suas traquinices de criança e descreve o “pátio “ onde nos encontrávamos: "Vejo no grande e desmantelado pátio fidalgo a nossa casa" (Actualmente, está tudo bem arranjado e limpo). O que Aquilino não diz é que essa casa era a “residência paroquial” e que o seu pai era o pároco. Admirámos a linguagem de Aquilino com os seus regionalismos riquíssimos e nem sempre fáceis de compreender. Porém, a nossa atenção fixou-se em seu pai. Todos gostaríamos de o conhecer. Teve três filhos daquela que era a sua empregada, Mariana: Aquilino em 1885, Melchior em 1888 e Mariana em 1889. E continuou pároco e a viver sempre na mesma casa. Mais, em 1990, perfilhou-os a todos e continuou na Paróquia donde só saiu em 1895. Mereceu-nos reflexão. Era um homem de coragem, de carácter. Assumia os seus actos. Os seu filhos, não eram “afilhados” ou “sobrinhos” como acontecia com muitos outros. Não fugiu às suas responsabilidades de pai. E isto obriga-nos a pensar na atitude compreensiva dos seus paroquianos e do bispo da diocese (A lembrar-nos D. Frei Bartolomeu dos Mártires, Arcebispo de Braga, no Concílio de Trento: "celibato, sim, mas não para os meus barrosãos...". Outros tempos... Outros homens...
POR TERRAS DO DEMO
CORO GREGORIANO DO PORTO - 30 de Junho de 2007
CONVÍVIO...CULTURA... ARTE... GASTRONOMIA...CRENÇAS...
1- SÁTÃO - Paragem na “Praça Paulo VI”- a sala de visitas da vila.
Antiga Zaatan doada em 1111 a Bernardo Franco por D.Teresa e Conde D. Henrique que lhe outorgaram o seu 1º foral, renovado em 1240 (D. Sancho II) e em 1514 ( D. Manuel)
A visitar na Vila: Solar dos Albuquerques / Biblioteca
- No Tojal, merece visita a igreja matriz, do antigo convento das dominicanas (séc. XVII) de Nossa Senhora da Oliva - uma jóia artística (aqui, no séc. XI/XII, havia um convento duplex de beneditinos). A talha do altar-mor é do séc. XVIII com a imagem de Nª Sª de Oliva. Paredes com azulejos do séc. XVII
- Senhor dos Caminhos, (desvio na povoação de Rãs) - “ As Capelas Imperfeitas” – as colunatas inacabadas - dos finais do séc. XIX. Inicialmente, foi construído um nicho onde os almocreves de passagem depositavam as suas esmolas. Com estas, foi construída uma capela que foi substituída pela actual. A festa realiza-se no Domingo da Santíssima Trindade. Grande romaria. Fica próximo do rio Vouga.
2- AGUIAR DA BEIRA
Foi saqueada por al-Mansur em 985. Recebeu foral de D. Teresa e D. Afonso Henriques em 1120, renovado em 1220 (D. Afonso II), em 1258 (D. Afonso III) e em 1512 (D. Manuel).
O castelo, cuja fundação é anterior à nacionalidade (séc.VII/XI), foi reconstruído por D. Dinis.
São de destacar a antiga capela de Nossa Senhora do Castelo (do Calvário), de raiz românica (séc.XIII?) e a igreja da Misericórdia (séc. XVIII)
No “Largo dos Monumentos”: Pelourinho Manuelino (séc. XVI); Torre do Relógio, Fonte Ameada, Casa dos Magistrados (séc. XV), antigos Paços do Concelho (séc. XVIII)
Cabicanca? Escorropicha? Antigamente, os de Aguiar não gostavam destes nomes. E agora? É melhor não experimentar. O herói foi Martinho Afonso que matou com um tiro a “cabicanca” (uma pobre cegonha que fez ninho na torre da igreja matriz, a capela da Senhora do Castelo, e trazia amedrontados os povos da terra) Para festejar o feito, o herói ouvia o povo a aclamar: escorropicha…Copo atrás de copo…
E para comemorar, iremos almoçar no Cabicanca…
3- SENHORA DA LAPA
Aldeia perdida por “Terras do Demo” deve o seu renome ao Santuário.
Santuário – Construído sob a orientação dos jesuítas, guarda o rochedo milagroso com a imagem da Senhora da Lapa. O altar terá sido construído no local onde a pastora Joana, que era muda, encontrou a imagem (escondida no séc. X aquando das investidas dos Mouros) que a mãe iria queimar quando ela, recuperando a voz, lhe disse que era Nª Senhora. Por trás está uma passagem estreita e irregular que vai dar ao presépio com figuras da escola de Machado de Castro. Acredita-se que quem estiver em pecado não consegue passar. Ou seria uma forma de descobrir se uma rapariga solteira estava grávida?
A servir de altar-mor fica o altar do Menino Jesus, revestido de trajes napoleónicos, ladeado por quadros de Josefa de Óbidos. Também merece atenção o pequeno altar da Senhora da Boa Morte.
Por detrás da capela-mor fica a Casa do Peso onde estavam as balanças em que as pessoas se pesavam com vista à futura promessa em trigo.Lá se encontra suspenso um enorme caimão/sardão/lagarto cuja lenda apresenta várias versões: homem atacado na Índia por enorme caimão que conseguiu matar depois de invocar a Senhora da Lapa ; mulher das redondezas que, inspirada pela Senhora da Lapa, atirou novelos de lã ao sardão para que ele os engolisse e morresse engasgado.
Na sacristia, há ex-votos de grande interesse.
Romaria em 15 de Agosto.
Colégio da Lapa – Fundado pelos Jesuítas no séc. XVI, restabelecido nos fins do séc. XIX e hoje extinto. A vinda de Aquilino Ribeiro para este colégio em 1895 marcou o início de um caminho que passará por Lamego e Viseu (1902) , onde estudou Filosofia, e Seminário de Beja donde foi expulso em 1904. Lisboa (1906); preso por razões políticas, evade-se e foge para Paris (1907) onde se inscreve m Filosofia na Sorbone. Regressa a Portugal em 1914, sendo professor no Liceu Camões. Em 1927 é obrigado a fugir novamente para Paris. O exílio termina em 1932. Em 1958 por causa de “Quando os Lobos Uivam” é-lhe instaurado um processo-crime que acabou por ser arquivado.
Pelourinho – Cadeia - Artesanato – Queijos - Pão
A nascente do Rio Vouga/Fonte dos Clérigos
3-TABOSA- Convento fundado em 1690 para freiras descalças seguidoras das regras de S. Bento. Extinto em 1834.
4- CARREGAL- no “Pórtico dos Sanhudos”, a casa onde nasceu Aquilino Ribeiro em 13 de Setembro de 1885, filho de Mariana do Rosário Gomes (24 anos) e do padre Joaquim Francisco Ribeiro. No seu registo de nascimento consta “nasceu na freguesia do Carregal (…) à uma hora da tarde do dia treze do mês de Setembro (1885), filho natural e primeiro de Mariana do Rosário, solteira, criada de servir…” . Também aí nasceram os seus irmãos: Melchior (o Quinzinho de”Cinco Reis de Gente”) em 1888 e Maria do Rosário em 1889. Todos constam como filhos naturais porque o pai era o pároco da freguesia. Por isso, os baptizados e registos de nascimento foram feitos fora da paróquia. Foram perfilhados pelo pai em 1890 (que foi pároco da freguesia de 1879 a 1895). Por isso, é natural que o local de nascimento de Aquilino tenha sido a casa onde os pais residiam e onde ele viveu os seus primeiros anos, a residência paroquial.
Faleceu em 1963 em Lisboa.
Da sua longa bibliografia, registo apenas a sua primeira publicação em 1915 (Jardim das Tormentas) e a última em 1988 (“Páginas do Exílio .Cartas e crónicas de Paris” - recolha de textos e organização de Jorge Reis). Quem não se lembra de “Terras do Demo” (1919); “Filhas de Babilónia” (1920) “; “Romance da Raposa” (1924); “Andam Faunos pelo Bosque” (1926); “ O Homem que Matou o Diabo” (1930) “O Malhadinhas” (1949); “ O Homem da Nave” (1954); “Abóboras no Telhado” (1955); “A Casa Grande de Romarigães” (1957); “Quando os Lobos Uivam” (1958).
Boa Viagem, amigos!
POR TERRAS
Por razões que já referi no texto “Civitas Virginis”, o Coro Gregoriano do Porto, durante o último ano, tem concentrado o seu trabalho no culto a Nossa Senhora. Para além de esporádicos concertos, temos ocupado os nossos ensaios preparar temas que integrarão o nosso próximo CD. Por isso, ao programar o nosso passeio anual, decidi propor aos meus colegas a visita ao Santuário da Senhora da Lapa, em Sernancelhe. Foi uma maneira de realçarmos uma invocação mariana que é venerada na nossa cidade e muito diz ao nosso coro: nunca esquecemos que “nascemos” na Igreja da Lapa, no Porto.
A propósito do roteiro que escrevi para os “passeantes” (apresentado no final deste texto), gostaria de destacar algumas notas de viagem
No Tojal, os meus colegas ficaram maravilhados com a beleza do altar-mor e com os azulejos da igreja de Nossa Senhora da Oliva.(Que bonita é sua a imagem!...) Valeu-nos a simpatia da senhora Maria que nos foi abrir a porta (quando, no final, eu me apressava para lhe dar uma pequena gorjeta, ela recusou, dizendo: obrigado mas não aceito, fica para um café para vocês, eu já fico muito contente quando vêm visitar a nossa igreja). E todos ficámos sensibilizados com esta atitude e lamentámos o desconhecimento e o abandono a que estão votadas muitas obras de arte do nosso património cultural e histórico.
No “Senhor dos Caminhos”, mergulhámos na história e imaginámos os almocreves a passar com os seus machos/mulas carregados de mercadorias, invocando a protecção divina contra salteadores e animais selvagens. Como está bem adaptado o nome do santuário, Senhor dos Caminhos… Todo o espaço envolvente da capela está impecavelmente tratado: muito limpo, mesas para piqueniques, casa de apoio aos peregrinos, tílias frondosas que enchem o recinto com o perfume das suas flores. É um local paradisíaco onde apetece ficar, repousar e lá voltar.
A capela estava aberta. Pedimos autorização ao sacerdote que estava ensaiar o coro litúrgico, e, no altar, cantámos o “Rorate”. Que bem nos soube!... No fim, ao falar com o dito sacerdote sobre os projectos do nosso coro, ele sugeriu que o CD que vamos dedicar a Nossa Senhora, se chamasse apenas “ Maria”. É interessante. Fica a proposta para ser estudada…
Em Aguiar da Beira, foi o almoço no Cabicanca… Ao ver a pressa com que todos, esfomeados, “atacaram” as entradas, lembrei-me dos velhos tempos do Seminário de Vilar em dia de “prélio”/”batalha”: era o dia (creio que era à quinta-feira) em que o almoço era batatas com bacalhau, mais das primeiras (não muitas...) e pouco do segundo. Era dia de festa… Aburguesados, já não nos contentamos com a bacalhoada. Começámos, de facto, um bom bacalhau com “batatas a murro”, mas não dispensámos um muito saboroso e tenrinho “cabrito assado no forno”, iguaria característica desta terra serrana.
Depois foi a “Senhora da Lapa”. A visita iniciou-se pelo Santuário. Admirámos a belíssima imagem da Senhora da Lapa. Depois, temerosos, encolhemos as barrigas, mais ou menos proeminentes, e lá nos esgueirámos pela “frincha” entre penedos. Passámos todos… É tudo boa gente sem grandes pesos na consciência e na barriga….
Como preito a Nossa Senhora, cantámos o nosso cântico fundador, o “Rorate” e o “ Regina Caeli”.
Já no exterior, olhámos para o grandioso edifício do Colégio dos Jesuítas, onde estudou Aquilino. E interrogámo-nos sobre o quanto o nosso país deve à acção cultural da Igreja. Não fora este colégio e a nossa literatura, certamente, não poderia contar com um dos seus grandes nomes. Qual terá sido a influência cultural deste grande colégio, perdido em “Terras do Demo”? Quantas injustiças se cometem ao ignorar-se a missão civilizadora da Igreja.
No Carregal, no “Pórtico dos Sanhudos”, recebeu-nos o senhor José Castelo e a D. Fernanda, actuais proprietários da casa onde nasceu Aquilino Ribeiro. Este ano, não puderam oferecer cerejas porque não as tiveram, mas partilhámos um garrafão de vinho das suas videiras e bebemos água bem fresquinha que foram buscar à fonte. Obrigado, senhor Castelo pela vossa amabilidade. Por sua indicação, lemos vários trechos do livro de Aquilino “Cinco Reis de Gente” onde ele fala das suas traquinices de criança e descreve o “pátio “ onde nos encontrávamos: "Vejo no grande e desmantelado pátio fidalgo a nossa casa" (Actualmente, está tudo bem arranjado e limpo). O que Aquilino não diz é que essa casa era a “residência paroquial” e que o seu pai era o pároco. Admirámos a linguagem de Aquilino com os seus regionalismos riquíssimos e nem sempre fáceis de compreender. Porém, a nossa atenção fixou-se em seu pai. Todos gostaríamos de o conhecer. Teve três filhos daquela que era a sua empregada, Mariana: Aquilino em 1885, Melchior em 1888 e Mariana em 1889. E continuou pároco e a viver sempre na mesma casa. Mais, em 1990, perfilhou-os a todos e continuou na Paróquia donde só saiu em 1895. Mereceu-nos reflexão. Era um homem de coragem, de carácter. Assumia os seus actos. Os seu filhos, não eram “afilhados” ou “sobrinhos” como acontecia com muitos outros. Não fugiu às suas responsabilidades de pai. E isto obriga-nos a pensar na atitude compreensiva dos seus paroquianos e do bispo da diocese (A lembrar-nos D. Frei Bartolomeu dos Mártires, Arcebispo de Braga, no Concílio de Trento: "celibato, sim, mas não para os meus barrosãos...". Outros tempos... Outros homens...
POR TERRAS DO DEMO
CORO GREGORIANO DO PORTO - 30 de Junho de 2007
CONVÍVIO...CULTURA... ARTE... GASTRONOMIA...CRENÇAS...
1- SÁTÃO - Paragem na “Praça Paulo VI”- a sala de visitas da vila.
Antiga Zaatan doada em 1111 a Bernardo Franco por D.Teresa e Conde D. Henrique que lhe outorgaram o seu 1º foral, renovado em 1240 (D. Sancho II) e em 1514 ( D. Manuel)
A visitar na Vila: Solar dos Albuquerques / Biblioteca
- No Tojal, merece visita a igreja matriz, do antigo convento das dominicanas (séc. XVII) de Nossa Senhora da Oliva - uma jóia artística (aqui, no séc. XI/XII, havia um convento duplex de beneditinos). A talha do altar-mor é do séc. XVIII com a imagem de Nª Sª de Oliva. Paredes com azulejos do séc. XVII
- Senhor dos Caminhos, (desvio na povoação de Rãs) - “ As Capelas Imperfeitas” – as colunatas inacabadas - dos finais do séc. XIX. Inicialmente, foi construído um nicho onde os almocreves de passagem depositavam as suas esmolas. Com estas, foi construída uma capela que foi substituída pela actual. A festa realiza-se no Domingo da Santíssima Trindade. Grande romaria. Fica próximo do rio Vouga.
2- AGUIAR DA BEIRA
Foi saqueada por al-Mansur em 985. Recebeu foral de D. Teresa e D. Afonso Henriques em 1120, renovado em 1220 (D. Afonso II), em 1258 (D. Afonso III) e em 1512 (D. Manuel).
O castelo, cuja fundação é anterior à nacionalidade (séc.VII/XI), foi reconstruído por D. Dinis.
São de destacar a antiga capela de Nossa Senhora do Castelo (do Calvário), de raiz românica (séc.XIII?) e a igreja da Misericórdia (séc. XVIII)
No “Largo dos Monumentos”: Pelourinho Manuelino (séc. XVI); Torre do Relógio, Fonte Ameada, Casa dos Magistrados (séc. XV), antigos Paços do Concelho (séc. XVIII)
Cabicanca? Escorropicha? Antigamente, os de Aguiar não gostavam destes nomes. E agora? É melhor não experimentar. O herói foi Martinho Afonso que matou com um tiro a “cabicanca” (uma pobre cegonha que fez ninho na torre da igreja matriz, a capela da Senhora do Castelo, e trazia amedrontados os povos da terra) Para festejar o feito, o herói ouvia o povo a aclamar: escorropicha…Copo atrás de copo…
E para comemorar, iremos almoçar no Cabicanca…
3- SENHORA DA LAPA
Aldeia perdida por “Terras do Demo” deve o seu renome ao Santuário.
Santuário – Construído sob a orientação dos jesuítas, guarda o rochedo milagroso com a imagem da Senhora da Lapa. O altar terá sido construído no local onde a pastora Joana, que era muda, encontrou a imagem (escondida no séc. X aquando das investidas dos Mouros) que a mãe iria queimar quando ela, recuperando a voz, lhe disse que era Nª Senhora. Por trás está uma passagem estreita e irregular que vai dar ao presépio com figuras da escola de Machado de Castro. Acredita-se que quem estiver em pecado não consegue passar. Ou seria uma forma de descobrir se uma rapariga solteira estava grávida?
A servir de altar-mor fica o altar do Menino Jesus, revestido de trajes napoleónicos, ladeado por quadros de Josefa de Óbidos. Também merece atenção o pequeno altar da Senhora da Boa Morte.
Por detrás da capela-mor fica a Casa do Peso onde estavam as balanças em que as pessoas se pesavam com vista à futura promessa em trigo.Lá se encontra suspenso um enorme caimão/sardão/lagarto cuja lenda apresenta várias versões: homem atacado na Índia por enorme caimão que conseguiu matar depois de invocar a Senhora da Lapa ; mulher das redondezas que, inspirada pela Senhora da Lapa, atirou novelos de lã ao sardão para que ele os engolisse e morresse engasgado.
Na sacristia, há ex-votos de grande interesse.
Romaria em 15 de Agosto.
Colégio da Lapa – Fundado pelos Jesuítas no séc. XVI, restabelecido nos fins do séc. XIX e hoje extinto. A vinda de Aquilino Ribeiro para este colégio em 1895 marcou o início de um caminho que passará por Lamego e Viseu (1902) , onde estudou Filosofia, e Seminário de Beja donde foi expulso em 1904. Lisboa (1906); preso por razões políticas, evade-se e foge para Paris (1907) onde se inscreve m Filosofia na Sorbone. Regressa a Portugal em 1914, sendo professor no Liceu Camões. Em 1927 é obrigado a fugir novamente para Paris. O exílio termina em 1932. Em 1958 por causa de “Quando os Lobos Uivam” é-lhe instaurado um processo-crime que acabou por ser arquivado.
Pelourinho – Cadeia - Artesanato – Queijos - Pão
A nascente do Rio Vouga/Fonte dos Clérigos
3-TABOSA- Convento fundado em 1690 para freiras descalças seguidoras das regras de S. Bento. Extinto em 1834.
4- CARREGAL- no “Pórtico dos Sanhudos”, a casa onde nasceu Aquilino Ribeiro em 13 de Setembro de 1885, filho de Mariana do Rosário Gomes (24 anos) e do padre Joaquim Francisco Ribeiro. No seu registo de nascimento consta “nasceu na freguesia do Carregal (…) à uma hora da tarde do dia treze do mês de Setembro (1885), filho natural e primeiro de Mariana do Rosário, solteira, criada de servir…” . Também aí nasceram os seus irmãos: Melchior (o Quinzinho de”Cinco Reis de Gente”) em 1888 e Maria do Rosário em 1889. Todos constam como filhos naturais porque o pai era o pároco da freguesia. Por isso, os baptizados e registos de nascimento foram feitos fora da paróquia. Foram perfilhados pelo pai em 1890 (que foi pároco da freguesia de 1879 a 1895). Por isso, é natural que o local de nascimento de Aquilino tenha sido a casa onde os pais residiam e onde ele viveu os seus primeiros anos, a residência paroquial.
Faleceu em 1963 em Lisboa.
Da sua longa bibliografia, registo apenas a sua primeira publicação em 1915 (Jardim das Tormentas) e a última em 1988 (“Páginas do Exílio .Cartas e crónicas de Paris” - recolha de textos e organização de Jorge Reis). Quem não se lembra de “Terras do Demo” (1919); “Filhas de Babilónia” (1920) “; “Romance da Raposa” (1924); “Andam Faunos pelo Bosque” (1926); “ O Homem que Matou o Diabo” (1930) “O Malhadinhas” (1949); “ O Homem da Nave” (1954); “Abóboras no Telhado” (1955); “A Casa Grande de Romarigães” (1957); “Quando os Lobos Uivam” (1958).
Boa Viagem, amigos!
POR TERRAS
1 Comments:
Tava a ver que a fonte estava seca... Fico contente por nao ser o caso. Beijos do filho (tb filho de padre como o Aquilino)
By Johnny, at 6:09 da tarde
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