POR TERRAS DO FORCÃO...
(Fotografia anexa)
Mural em Alfaiates, com o forcão de madeira, do lado direito.
O forcão é o instrumento de madeira usado na lide do touro bravo, a capeia. Um grupo de homens, manejando o forcão, provoca e defende-se das arremetidas do touro. Terras do Forcão é a designação que engloba as terras raianas do Sabugal onde se realiza a capeia.
“O melhor mural do mundo fica nas Terras do Forcão”.
Esta notícia levou-nos a revisitar Alfaiates.
Este concelho medieval orgulha-se de, na igreja de S. Sebastião, então a sua matriz, se ter realizado os esponsais (26/3/1328) de D. Maria de Portugal - a ‘formosíssima Maria’ (Os Lusíadas, Canto III, 102), filha do nosso D. Afonso IV - com Afonso XI de Castela que, mais tarde, pediu a ajuda do sogro para a Batalha do Salado ((30/10/1340). E este com tal bravura o fez que ficou na história com o cognome de ‘O Bravo’.
O castelo, o pelourinho e a dita igreja testemunham os seus pergaminhos de antanho.
Não muito longe, fomos visitar o que resta do santuário de Sacaparte.
A igreja, cujas raízes remontarão à época visigótica, tornou- se num dos santuários nacionais mais frequentados quando, em 1321, foi doada à Ordem de São Domingos.
O Convento nasceu, em 1726, sob os auspícios de D. João V que deu à igreja a sua feição atual.
O concelho do Sabugal, criado em meados do século XIX, que integrou cinco concelhos medievais - Sabugal, Alfaiates e Vila Maior, na margem direita do Côa; Sortelha e Vila do Touro, na margem esquerda - bem merece a nossa visita, apesar da desolação provocada pelos incêndios deste verão
Vila Maior
Após Sacaparte, dirigimo-nos para este antigo concelho que fazia parte do reino de Leão até à sua integração definitiva em Portugal, com o Tratado de Alcanizes, em 1297. A muralha será do século XI/XII.
Em 27 de novembro de 1296, D. Dinis concedeu-lhe carta de foral e acrescentou ao castelo a torre de menagem. D. Manuel I renovou o foral da vila, em 1 de junho de 1510, época de que datará o pelourinho.
Para além do castelo e do pelourinho, mereceu-nos atenção especial as ruínas da igreja gótica de Santa Maria do Castelo e uma ponte medieval sobre o rio Cesarão.
Sabugal
Contiuando na margem direita, seguimos para a sede do concelho – Sabugal – e maravilhámo-nos com o seu castelo que, de dia, espanta pela sua imponência, e, de noite, iluminado, transporta-nos para um conto de fadas…
A partir do Sabugal, com uma paragem no ‘viveiro de trutas’, subimos à serra da Malcata e das Mesas para beber na fonte onde nasce o rio Côa,
Sortelha
Refrescados e extasiados pela amplitude da paisagem, descemos, cruzámos o rio, e demandámos em busca desta povoação amuralhada num ponto estratégico da maior relevância na defesa da fronteira antes do Tratado de Alcanizes e a integração da Comarca de Ribacoa no território português.
Testemunhos da sua grandeza são o castelo roqueiro debruçado sobre o vale do Côa, o pelourinho manuelino e casa da Câmara. Bem significativa da sua importância comercial são as medidas medievais - a vara e o côvado - gravadas na ombreira da porta da muralha virada a ocidente.
Vila de Touro
Também esta povoação, que foi sede de concelho desde o século XIII até aos meados do século XIX, perdeu importância estratégica com o Tratado de Alcanizes.
Do seu castelo, subsistem apenas dois panos de muralha. Em 1319, a Vila do Touro, com a extinção da Ordem do Templo, passou para a Ordem de Cristo, tendo visto o seu foral renovado por D. Manuel, em 1510.
Para além do castelo, o que mais nos captou a atenção foram os diversos tabuleiros de jogo gravados nas rochas e as janelas manuelinas que ornamentam muitas casas dos ‘monges militares’, os seus Senhores a partir do século XIII.
E, para recuperar de tão ásperos caminhos, nada melhor que um banho na piscina lúdica da estância termal do Cró que lhe fica próximo… (8/18/2025)
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