O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, outubro 07, 2020

ILUSTRE NA CIÊNCIA - GENEROSO NA FÉ

No passado dia 27, D. Manuel Linda presidiu à Eucaristia na igreja da Foz. Após a saudação inicial, anunciou “duas intenções muito importantes”: a 106ª Jornada Mundial do Migrante e o Centenário de nascimento do Professor Abel Sampaio Tavares, “uma pessoa que marcou o Mundo e a Igreja, uma figura muito importante para o Porto e para Portugal inteiro. É um exemplar daquilo que deve ser a presença do cristão no mundo: ajudar o desenvolvimento integral e implantar a dimensão ética e, por que não, também a dimensão religiosa”. Na homilia, explicou que, se quiséssemos apresentar um sumário das leituras e do salmo responsorial, poderíamos recorrer à frase da 2ª leitura: “Tende em vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus”. E exemplificou este apelo paulino com a Jornada dedicada ao Migrante e ao Refugiado, começando por informar que a primeira teve lugar, em 1914, em plena Primeira Grande Guerra. Depois de aprofundar a mensagem do papa Francisco, esclareceu que ele “veio pôr na ordem do dia esta celebração que andava um pouco esquecida”; e com a vida do Professor Abel Tavares “que foi grande em todos os aspetos, fundamentalmente na capacidade de interligar a presença atuante no Mundo com uma dimensão profunda da Fé”. Depois de historiar a sua multifacetada atividade como médico, professor e investigador, disse que a sua vivência quotidiana, na linha do seu mestre, Professor Hernâni Monteiro, também um cristão de fé comprometida, deu validade a quatro palavras: Competência científica, Sentido ético; Humanismo e uma “imensa Generosidade”. Acrescentou que, no meio de toda a sua atividade, “não meteu na gaveta a sua Fé profunda”. Esteve muito presente nos “Cursilhos de Cristandade” e manteve uma fidelidade inquebrantável a D. António Ferreira Gomes quando muitos titubeavam. Foi diretor do jornal “A Ordem” e escreveu imensos artigos para a revista Acção Médica da Associação dos Médicos Católicos de que foi um dos dirigentes. Depois, enfatizou que “são estas figuras que dão credibilidade à Igreja. Não queremos leigos clericalizados, leigos-padres no mundo”. E realçou: “O professor Abel Tavares mostrou como é possível conciliar na mesma pessoa a ciência mais profunda com a fé mais vivida”. A terminar, renovou a sua “ação de graças pela vida exemplar deste médico, professor, investigador, crente”. É com muito agrado que me faço eco desta celebração. Na pessoa do Professor Abel Tavares, presto homenagem a uma plêiade de insignes catedráticos da Faculdade de Medicina que muito honraram a Universidade e a Igreja do Porto. Por dever especial de gratidão, lembro o Professor Luís Pereira Leite – “figura incontornável da Obstetrícia e Ginecologia em Portugal” – que conheci nos “Cursos de Cristandade” e, nos primórdios da Obra Diocesana, prestou assistência aos doentes mais pobres do bairro do Cerco do Porto de que recordo o senhor António Varredor. (VP, 7/10/2020)