ÀS MÃES
Ó Santas que embalais o berço das crianças
E assim lho revestis de flórias esperanças!
Que andais sempre a cuidar das almas por abrir
E a verter-lhes no seio o gérmen do porvir!
Sois vós que, pela mão, da glória à vida inquieta,
Levais um vosso filho, um pálido profeta,
Que é Newton ou Petrarca, Ângelo ou Rafael,
Com o pincel e a pena, o compasso e o cinzel,
Fazendo enobrecer quem lhe seguir o exemplo…
Sois vós que o conduzis aos pórticos do templo,
Onde o porvir coroa os génios imortais,
E, mal chegados lá, de todo o abandonais,
Sem aguardar sequer nas sombras duma arcada
A grande aclamação que lhe festeja a entrada!
E – modestas que sois! – voltais a vosso lar
E só vos contentais em vê-lo atravessar
- C’roada de lauréis a fronte cismadora –
Um arco triunfal que o cerca duma aurora…
Mas nós, cabeças vãs, escravos pelo amor,
Andamos a dizer “Beatriz! Leonor!”
E o nome vosso, ó mães, não lembra um só instante!
- Quem sabe o nome vosso, ó mães de Tasso e Dante?
Ó Santas, perdoai! Lá tendes o Senhor
A cobrir-vos de luz, de bênçãos e de amor,
Fazendo abrir ao sol as vossas esperanças!
- Ó Santas, embalais o berço das crianças.
GUILHERME BRAGA - Heras e violetas
Poema publicado na “Voz do Pastor”, em 19 /7/1969, com a fotografia de D. António Ferreira Gomes a rezar junto do túmulo de sua mãe, Albina de Jesus Ferreira Gomes.
E assim lho revestis de flórias esperanças!
Que andais sempre a cuidar das almas por abrir
E a verter-lhes no seio o gérmen do porvir!
Sois vós que, pela mão, da glória à vida inquieta,
Levais um vosso filho, um pálido profeta,
Que é Newton ou Petrarca, Ângelo ou Rafael,
Com o pincel e a pena, o compasso e o cinzel,
Fazendo enobrecer quem lhe seguir o exemplo…
Sois vós que o conduzis aos pórticos do templo,
Onde o porvir coroa os génios imortais,
E, mal chegados lá, de todo o abandonais,
Sem aguardar sequer nas sombras duma arcada
A grande aclamação que lhe festeja a entrada!
E – modestas que sois! – voltais a vosso lar
E só vos contentais em vê-lo atravessar
- C’roada de lauréis a fronte cismadora –
Um arco triunfal que o cerca duma aurora…
Mas nós, cabeças vãs, escravos pelo amor,
Andamos a dizer “Beatriz! Leonor!”
E o nome vosso, ó mães, não lembra um só instante!
- Quem sabe o nome vosso, ó mães de Tasso e Dante?
Ó Santas, perdoai! Lá tendes o Senhor
A cobrir-vos de luz, de bênçãos e de amor,
Fazendo abrir ao sol as vossas esperanças!
- Ó Santas, embalais o berço das crianças.
GUILHERME BRAGA - Heras e violetas
Poema publicado na “Voz do Pastor”, em 19 /7/1969, com a fotografia de D. António Ferreira Gomes a rezar junto do túmulo de sua mãe, Albina de Jesus Ferreira Gomes.
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