NO 17.º ANIVERSÁRIO - UMA EVOCAÇÃO E UM VOTO
O despertador toca às sete. Começam cedo as nossas tarefas de avós que nos ocupam o início das manhãs e também as tardes dos dias de semana. Mas, à 6.ªfeira, os nossos ‘patrões’ só nos ocupam no início da manhã e nós aproveitamos para conhecer as nossas terras.
No dia 5 de novembro, fomos até às terras de Lousada, uma veiga fértil que se alonga pelos vales do rio Sousa e do Mezio, seu afluente.
Subimos à Senhora da Aparecida que, lá do cimo, abençoa a várzea que se acolhe a seus pés. Contemplámos a imagem da Senhora e a estátua do ermitão que, segundo a tradição, esteve na origem deste santuário mariano.
Depois, foi a descida até à ponte da Veiga (séc. XIV). E prosseguimos para o ‘Parque da Torre de Vilar’ que nos recebeu em tons outonais na imponência da sua torre (séc. XII). Em Aveleda, vimos o exterior da igreja românica de São Salvador (séc. XIII/XIV) e parámos nos quatro arcos da ponte de Vilela do século XVII.
Seguiu-se Meinedo - a razão primeira desta viagem - que, no tempo dos Suevos, foi sede de diocese. O seu bispo participou, em 572, no II Concílio de Braga, como nos informa o P. Miguel Oliveira em História Eclesiástica de Portugal: “Assistiram os seguintes bispos (…) e Viátor da igreja Magnetense”. A diocese de Magneto (Meinedo) foi extinta nos finais do século VI, dando lugar à diocese do Porto.
No século XX, foi restaurada como ‘sé titular’. O ‘nosso’ D. António Francisco foi o terceiro bispo titular da extinta diocese de Meinedo.
Começámos por visitar a ponte de Espindo, românica, onde fizemos uma prece junto das ‘alminhas’ que a vizinhança reconstruiu e agora enfeita.
Depois foi uma paragem longa para admirar a igreja de Santa Maria de Meinedo, de estilo românico tardio, construída sobre as ruínas duma antiga capela, possivelmente dos tempos em que foi sede episcopal.
No exterior, detivemo-nos nas ‘pérolas’, de cariz românico - influência da Sé Velha de Coimbra - do pórtico principal. Mas o que mais nos surpreendeu foi o grande número de senhoras que, com flores dos seus jardins, preparavam as jarras com que iriam enfeitar os altares. Com que cuidado e gosto o faziam!...
Por simpatia da professora Margarida que nos guiou - soubemos, depois, que é assinante antiga e leitora semanal do nosso jornal - pudemos admirar o interior desta igreja que, durante o domínio visigótico, terá acolhido o corpo de Santo Tirso, vindo de Constantinopla, e cuja imagem ainda aí se venera na capela do Santíssimo. Se admirámos o arco-cruzeiro e o retábulo-mor, foram os caixotões do teto da capela-mor com pinturas marianas que mais nos prenderam a atenção. Num altar lateral, encantou-nos a imagem, em pedra de ançã (século XIII), de Nossa Senhora das Neves, padroeira da freguesia, também conhecida como Nossa Senhora de Meinedo e ainda Santa Maria a Alta.
No dia 21 de dezembro, evoquei os 17 anos da nomeação de D. António Francisco como titular de Meinedo, e no dia 24, os 7 anos da sua presença na ceia do “Natal dos Sós”- a sua primeira noite de Natal como Bispo do Porto.
Que a ternura do seu olhar e a bondade do seu coração iluminem nossos passos no ano que agora desponta. (5/1/22)
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