O Tanoeiro da Ribeira

quarta-feira, setembro 08, 2021

LEMBRANDO D. ANTÓNIO BARROSO

Como disse D. António Francisco, “um hino de gratidão, rezado com fé, anuncia sempre uma hora de esperança.” Assim o cremos. Quando passa o 103º aniversário da morte de D. António Barroso, recordo o ‘Te Deum’ que, na Sé, o Coro Gregoriano do Porto cantou no ‘Dia da Voz Portucalense’ de 2014, fazendo memoria do que, 100 anos antes, havia solenizado o seu regresso à Casa-Mãe da Diocese após o primeiro exílio. D. António Francisco dos Santos presidiu com o báculo e a mitra que tinham sido oferecidos ao nosso Prelado ‘Venerável’. Na pagela comemorativa, entregue aos participantes que enchiam a Catedral, inscreveu-se uma breve resenha biográfica: - 21/2/1899, D. António Barroso é nomeado bispo do Porto. - 2/8/1899, chega ao Porto. Na igreja de Santo Ildefonso organiza-se o cortejo a pé que o conduz até à Sé. - 23/4/1901, em nome do episcopado, entrega ao Rei uma carta coletiva sobre as congregações religiosas. Começa o seu calvário. - 24/12/1910, é publicada a Pastoral Coletiva dos bispos portugueses. O Governo proíbe a sua leitura. - 2/3/1911, em carta, D. António defende a leitura da Pastoral Coletiva. - 7/3/1911, o Governo destitui-o das funções de bispo do Porto e proíbe a sua presença em qualquer parcela da diocese. Começa o seu primeiro exílio no Colégio de Cernache de Bonjardim donde passará para Remelhe. - 12/6/1913, é julgado no tribunal de S. João Novo por ter vindo a Custóias ser padrinho, em representação do Papa Pio X. É absolvido. - 3/4/1914, amnistiado, regressa ao Porto e vai viver para o Paço de Sacais, no Bonfim. - 4/4/1914, solene ‘Te Deum’ na Sé. - 7/8/1917, é condenado a dois anos fora da diocese e distritos limítrofes, por ter autorizado três senhoras de uma associação religiosa a viverem juntas em Vila Boa de Quires. O 2.º exílio passa-o em Coimbra. - 20/12/1917, anulado o castigo, regressa ao Paço de Sacais onde morre em 31/8/1918. Estes apontamentos foram enriquecidos com algumas notas da imprensa da época que agora relembro - “Ei-lo que volta. Traz do exílio mais brancos os cabelos. Há todavia na sua face o mesmo sorriso afável e bom que atrai os corações e na luz dos seus olhos vibra ainda a centelha fina do brilhantíssimo espírito que o tom firme da voz revela.” (Lusitânia) -“A caridade exerceu-a tão largamente, como o seu coração lho pedia. O preceito do Evangelho recebeu do ilustre Prelado a máxima consagração.” (O Primeiro de Janeiro) – “O paço episcopal do Porto passou a ser o doce refúgio de quantos desventurados se acolhiam sob a protecção de D. António Barroso.” (O Comércio do Porto) - “D. António Barroso era, para os crentes, um santo. O seu nome perdurará, luminoso e vivo como o nome cristalino e glorioso de um grande português.” (Voz Pública) - “Nele a devoção religiosa era uma derivação do seu carácter, assentando no fundo de uma alma de clara bondade, onde acordavam os sentimentos da mais exaltada moral.” (O Primeiro de Janeiro) --“ Escrevei na memória o seu nome e lembrança/E guardai para a vida a sua bela herança/De piedade, orações e sorrisos de Pai.” (A Ilustração Católica) Animam-nos as palavras do papa Francisco: “A memória é uma dimensão da nossa fé. A alegria evangelizadora refulge sempre sobre o horizonte da memória agradecida. O crente é, fundamentalmente, uma pessoa que faz memória.” “Fazei isto em minha memória. -Lc 22,19” (8/9/2021)