O Tanoeiro da Ribeira

quinta-feira, maio 12, 2022

VAI SER CANONIZADO

Segundo o Vatican News, “o rito de canonização será celebrado em 15 de maio”. E quem é este santo que mereceu especial destaque no apelo final da Fratelli Tutti? No número 286, o papa Francisco escreve: “Quero terminar lembrando uma outra pessoa de profunda fé que, a partir da sua intensa experiência de Deus, realizou um caminho de transformação até se sentir irmão de todos. Refiro-me a Carlos de Foucauld”. No número seguinte, o último da encíclica, o Papa Francisco formula um voto: “O seu ideal de uma entrega total a Deus encaminhou-o para uma identificação com os últimos, os mais abandonados no interior do deserto africano. Naquele contexto, afloravam os seus desejos de sentir todo o ser humano como um irmão, e pedia a um amigo: ‘Peça a Deus que eu seja realmente irmão de todos’. Enfim, queria ser ‘o irmão universal’. Mas somente identificando-se com os últimos é que chegou a ser irmão de todos. Que Deus inspire este ideal a cada um de nós. Amen” Já no dia 1 de dezembro de 2016, no centenário da sua morte, o Santo Padre havia dito: “Um homem que venceu tantas resistências e deu um testemunho que fez bem à Igreja. Peçamos que nos abençoe do Céu e nos ajude a caminhar nos caminhos de pobreza, contemplação e serviço aos pobres”. Nasceu em Estrasburgo, França, em 15 de setembro de 1858, no seio duma família nobre e de tradição militar. Estudou nas melhores escolas e, ainda muito jovem, tornou-se oficial do exército francês. Aos 25 anos abandonou a carreira militar. Converteu-se ao catolicismo em 1886. Foi ordenado presbítero em 1901 e partiu para o deserto argelino. Fez-se eremita e passou a viver numa cabana, no meio dos tuaregues, um povo, maioritariamente, muçulmano, que habita a região saariana. Tornou-se bem querido e, em 1904, já havia traduzido para a língua nativa os quatro evangelhos. A instabilidade política gerada pela I Guerra Mundial também chegou a estas terras recônditas e ele acabou assassinado em 1916 por um grupo de rebeldes tuaregues. Queria ser e foi o “irmão universal” pelo exemplo e pela palavra: “Estou certo de que o bom Deus acolherá no Céu aqueles que forem bons e honestos. Você é protestante, é agnóstico, os tuaregues são muçulmanos, mas estou convencido de que Deus a todos receberá, se merecermos...” O seu exemplo está na origem de dez congregações religiosas, como as fraternidades dos “Irmãozinhos e Irmãzinhas de Jesus”, criadas após a sua morte. Na década de sessenta, a sua espiritualidade apaixonou muitos alunos do Seminário do Porto com reflexos na sua missão presbiteral. Deixo-vos alguns dos seus pensamentos. -“Toda a nossa vida, por mais silenciosa que seja, a vida de Nazaré, a vida do deserto, tanto quanto a vida pública, devem ser uma pregação do Evangelho pelo exemplo.” - “É preciso ir, não onde a terra é a mais santa, mas onde as almas têm maior necessidade.” - “Como sois bom! Como agistes da melhor forma para chamar ao mesmo tempo, para o vosso redor, todos os Vossos filhos, sem nenhuma exceção! Se tivésseis chamado os ricos em primeiro lugar, os pobres não teriam ousado aproximar-se de Vós; pensariam que estavam obrigados a manter-se à distância por causa da sua pobreza; ter-Vos-iam olhado de longe, deixando que os ricos Vos rodeassem”. (11/5/2022)