EM HONRA DE S. JOSÉ
A propósito dos 250 anos da restauração da sua diocese (1770-2020), o Notícias de Beja (12/12/2019),evocou o bispo D. Sebastião Leite de Vasconcelos que nasceu no Porto (3/5/ 1852), estudou no «Colégio dos Órfãos» e ordenou-se presbítero em 15 de novembro de 1874.
Animado pelo espírito de S. João Bosco e “tendo como objetivo a promoção de menores sem família, através da aprendizagem de um ofício”, fundou, em 1883, as Oficinas de S. José. Escola de artes e ofícios, de reconhecida relevância humanitária, nela foi composto e impresso o primeiro número de A Voz do Pastor (21/3/1921). Cem anos são passados.
Num gesto de gratidão, lembro o seu fundador, no mês e ano de S. José a quem dedicou as suas Oficinas.
Confirmado bispo de Beja pelo papa S. Pio X, (19/12/1907), foi ordenado, em 1908, na Sé do Porto, em dia de Nossa Senhora das Candeias. Tomou posse em 11 de março e, num “gesto de caridade cristã, vestiu completamente 57 crianças pobres da cidade”. A sua primeira preocupação foi a catequização do povo e o levantamento físico e moral do Seminário. Começou imediatamente a visitar as paróquias da cidade, pregando as Conferências Quaresmais.
“Tendo conhecimento de que os presos do estabelecimento prisional dormiam em más condições, deu-lhes 20 enxergas”. Seguiu o exemplo de D. António Barroso que era bispo do Porto aquando da sua ordenação episcopal.
A proclamação da República aconteceu no último dia da sua visita pastoral aos concelhos de Moura e Barrancos. A sanha anticlerical que grassava na cidade fez-se violência no ataque ao Paço Episcopal “do qual foram roubados documentos, móveis e obras de arte” que foram “queimados em frente do edifício”.
“Vendo-se impotente e com ameaças de morte, decidiu refugiar-se em Rosal de la Frontera e mais tarde no Seminário de Sevilha”. Cinco dias após, comunicou a sua ausência ao ministro da Justiça “bem como as nomeações para governadores do Bispado. O Governo respondeu-lhe com arrogância a 21 de Outubro, suspendendo-o de todas as temporalidades por se ter ausentado sem licença do poder civil e declarou nulas as nomeações que tinha feito”. Perante estas atrocidades, “D. Sebastião consultou a Santa Sé a fim de mostrar a sua disponibilidade para renunciar ao Bispado, o que não lhe foi concedido”.
Em 18 de Abril de 1911, o Governo, indiferente aos protestos apresentados pelos bispos portugueses, destituiu-o “das suas funções e instaurou contra ele um processo judicial”. Em 1912, “deixa Sevilha e vai para Roma, onde foi nomeado assistente ao Solo Pontifício, e, mais tarde, elevado a Arcebispo titular de Damieta”.
Faleceu em Roma em 29 de Janeiro de 1923, “tendo sido os seus restos mortais transladados para o Porto” e sepultados, pelo que julgo saber, na Secção Privativa da Santa Casa da Misericórdia do Porto, do Cemitério do Prado do Repouso.
Foi mais uma das vítimas da tão propalada “Lei da Separação(?)”…
Ao terminar, invoco a bênção de S. José para quantos o têm como ‘santo onomástico’. E presto homenagem aos pais, de quem é modelo, desejando que os filhos sejam e os façam felizes. (24/3/2021)
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